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Jair Bolsonaro esteve no Congresso Nacional pela primeira vez nesta semana após ser eleito presidente da República. | Cleia Viana / Agência Câmara
Jair Bolsonaro esteve no Congresso Nacional pela primeira vez nesta semana após ser eleito presidente da República.| Foto: Cleia Viana / Agência Câmara

O futuro governo de Jair Bolsonaro, do PSL, caminha para ter uma base de apoio suprapartidária no Congresso Nacional. Lideranças de outras legendas procuram o estafe do capitão a todo momento, mas a estratégia do presidente eleito é clara. Bolsonaro não está fechando com partidos. Optou por conversar isoladamente com parlamentares, eleitos e não eleitos, e com setores, como as bancadas ruralista e evangélica. 

Prova disso é o anúncio da deputada Tereza Cristina (DEM-MS) como ministra da Agricultura, que leva o apoio da influente bancada do agronegócio, que terá outros nomes nessa pasta. Outro exemplo é o anúncio de governadores do PSDB, liderados pelo paulista João Doria, de que estarão alinhados ao governo do capitão. Adesões outras são esperadas nas próximas semanas.

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Contribui para ampliar essa base de apoio a presença do juiz Sergio Moro – será o ministro da Justiça e da Segurança Pública. Ele empresta o seu prestígio, conquistado na condução da Lava Jato, à gestão de Bolsonaro. Mesmo não sendo ligado diretamente a qualquer político, Moro será a estrela da equipe e, portanto, um fator de atração de adesões políticas.

"Moro ter entrado no governo jogou o sarrafo lá para cima. O nível ficou alto. A escolha do resto do ministério terá outro padrão. E isso também reflete na conquista de apoios no Congresso Nacional", diz um dos colaboradores de Bolsonaro, que pode virar ministro e, por, isso, prefere o anonimato. 

DEM já tem um pé no governo

Por partido, quem está levando o maior naco até agora no governo é o Democratas – mesmo sem querer. A legenda, que apoiou o tucano Geraldo Alckmin na eleição, já emplacou dois ministros: o deputado licenciado Onyx Lorenzoni (RS), futuro ministro da Casa Civil, e Tereza Cristina, na Agricultura.

E um terceiro parlamentar do partido corre por fora para assumir o Ministério da Saúde. Se trata de Luiz Henrique Mandetta, também do Mato Grosso do Sul. Ele não tentou a reeleição. Pode sobrar também para Mandetta a secretaria executiva da pasta. 

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Outro partido, o PR, pode chegar no primeiro escalão com o senador Magno Malta, cuja indicação já virou uma novela. É contraditório que seu nome, que era o preferido de Bolsonaro para compor a chapa a seu lado, enfrente hoje resistência no seu grupo. O próprio presidente eleito tem dúvidas sobre colocá-lo no primeiro time. O vice e general Hamilton Mourão definiu Malta como o "elefante no meio da sala". 

Um grupo de deputados do Podemos anunciou apoio a Bolsonaro. O Patriota também oficializou a adesão. Muitos parlamentares do PP (ex-partido do capitão) estão fechados com ele. A romaria de políticos na sua casa não para desde o primeiro turno da eleição. A bajulação é suprapartidária. Bolsonaro se comprometeu em não governar na base do toma-lá-dá-cá.

“Partido da governabilidade”, MDB diz que não será governo

Maior partido do Congresso, o MDB mandou sinais contraditórios ao futuro governo nesta semana. O presidente da sigla, senador Romero Jucá (RR), afirmou na quarta-feira (7) que o modelo do MDB como “partido da governabilidade” acabou. Disse, porém, que a sigla poderá ajudar Bolsonaro, principalmente para o avanço de uma agenda econômica de reformas.

Segundo Jucá, a sigla vai adotar uma postura de “independência” a partir de 2019, sem o “partilhamento de cargos” com a gestão Bolsonaro. Porém, não descartou conversar sobre o assunto caso o presidente eleito procure a legenda para lhe ceder algum posto na Esplanada.

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“O MDB, por ser o maior partido, virou o partido da governabilidade, começou a atuar dentro de todos os governos. Acho que esse modelo acabou. O MDB pode ajudar, se posicionar, agora, não é indo atrás de ministério ou de cargo que vamos consolidar uma imagem de partido que vai ajudar o povo brasileiro. Não defendo o partilhamento de cargos com o MDB”, disse Jucá após reunião do comando da sigla, em Brasília, que lançou um documento com sugestões econômicas que podem ser assumidas por Bolsonaro.

Mas a aprovação de pautas-bomba no Senado, lideradas pelo presidente Eunício Oliveira (MDB-CE) e por caciques como Renan Calheiros (MDB-AL), como o Rota 2030 e o reajuste salarial do Judiciário, foram interpretados como um recado velado ao governo do capitão.

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