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Henrique Meirelles, ministro da Fazenda, anunciou a piora na previsão de déficit primário para 2018. | Fábio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil
Henrique Meirelles, ministro da Fazenda, anunciou a piora na previsão de déficit primário para 2018.| Foto: Fábio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

Para os analistas, ao ampliar a previsão de déficit em 2018, de R$ 79 bilhões para R$ 129 bilhões, o governo trabalha com um cenário econômico mais restritivo e com os efeitos da eleição no ano que vem. Na avaliação da o economista-chefe do Goldman Sachs para América Latina, Alberto Ramos, a perspectiva seria de uma recuperação fraca e tímida da economia e de que o já elevado gasto público vai seguir crescendo em termos reais. Dessa maneira, a mudança confirma a expectativa de que o ajuste fiscal será lento e demorado e o Brasil pode demorar de quatro a cinco anos, ou talvez ainda mais tempo, para alcançar um superávit primário que estabilize a dívida pública.

A avaliação do Goldman Sachs é de que o ajuste fiscal “profundo, permanente e estrutural” permanece essencial na agenda de política econômica do Brasil, mas será um processo que vai levar vários anos e, portanto, sujeito a vários riscos pelo caminho. A volta ao superávit primário, como o governo tinha até 2013, vai demorar três anos.

Manobra

O sócio da Canepa Asset Management Alexandre Póvoa segue a mesma linha. Póvoa avalia que o governo optou pelo conservadorismo diante das incertezas em relação à retomada. Mas Póvoa considera que o anúncio também pode ter sido uma manobra do Planalto para acomodar no orçamento um maior volume de gastos, já que o governo sabe da dificuldade e inconveniência política de cortar custos em ano de eleições. Com maior folga orçamentária, a gestão do presidente Michel Temer, já com baixa popularidade, evita o desgaste de ter de recorrer a aumento de impostos para fechar as contas. “Estabelece-se um déficit maior para que não seja necessário aumentar imposto”, afirma Póvoa.

O aspecto mais preocupante da revisão da meta fiscal são seus efeitos colaterais, pois haverá um aumento da relação entre dívida pública e o Produto Interno Bruto (PIB), avalia o economista Luis Afonso Lima, da Mapfre Investimentos. “Não importa se a nova meta é realista ou pouco ambiciosa, o que importa é que o detentor da dívida vai querer mais prêmio e menos prazo, o que fará com que a relação entre dívida e PIB continue aumentando”, afirmou Lima.

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