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Geddel Vieira Lima foi vice-presidente da Caixa, entre 2011 e 2013, durante o governo Dilma Rousseff. | Antonio Cruz/Agência Brasil
Geddel Vieira Lima foi vice-presidente da Caixa, entre 2011 e 2013, durante o governo Dilma Rousseff.| Foto: Antonio Cruz/Agência Brasil

A prisão de Geddel Vieira Lima acendeu o alerta no Palácio do Planalto, que teme a contaminação desse episódio no humor dos parlamentares da base do governo que integram a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara, onde será votada a denúncia contra o presidente Michel Temer. O Palácio do Planalto tentou agir rápido e determinou que seu líder do governo no Congresso, o deputado André Moura (PSC-SE), concedesse entrevista minimizando a prisão do ex-ministro de Temer.

Moura repetiu várias que a prisão de Geddel não tem qualquer relação com a denúncia criminal do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, contra Temer. A ordem é desvincular Geddel do caso com o argumento de que a prisão dele foi por outro motivo. Mas o líder governista reconhece que a preventiva do peemedebista baiano vai trazer turbulência.

“Não há qualquer conexão da prisão do Geddel com a denúncia que está na CCJ. Pelo que foi divulgado a prisão dele foi por uma suposta tentativa de obstruir a Justiça. Espero que os membros da CCJ analisem a denúncia em si, que não traz uma prova sequer contra o presidente Temer”, disse Moura.

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“Claro que esse fato traz mais instabilidade e turbulência no que a oposição vai fazer amanhã (terça-feira) e durante toda essa semana. Muda o ânimo (da base) por causa da exploração política”, reconheceu.

André Moura tentou desvincular a figura de Geddel de Temer e disse que parte das acusações contra ele envolvem o tempo que o ex-ministro foi vice-presidente da Caixa, entre 2011 e 2013, durante o governo Dilma Rousseff. “A questão de Geddel nasceu de situações quando ele foi vice da Caixa, ou seja, fatos que não são do governo Temer. Está claro, não resta dúvida disso”.

Nas suas contas, o governo, segundo Moura, tem votos suficientes para impedir a aprovação da aceitação da denúncia na Câmara. “Temos votos suficientes para rejeitar” , disse Moura, sem dizer quantos. A intenção do governo é encerrar o processo de tramitação da denúncia até metade de julho.

Geddel foi citado cinco vezes na denúncia de Janot contra Temer. Seu nome aparece no trecho que o empresário Joesley Batista diz que procurou o ex-assessor Rodrigo Rocha Loures para ser seu interlocutor depois que Geddel deixou o governo por causa do episódio envolvendo Calero. O baiano era o canal de interlocução do dono da JBS com o presidente da República.

Tráfico de influência

O líder governista, porém, não citou o caso que levou o afastamento de Geddel do governo, quando ele pressionou o então ministro da Cultura, Marcelo Calero, a obter uma licença do Iphan que beneficiaria a construção de um prédio numa área tombada de Salvador (BA). Geddel comprou um imóvel no empreendimento.

Ao mandar capturar Geddel, o juiz federal Vallisney de Souza Oliveira, da 10.ª Vara Federal do Distrito Federal, citou o episódio do apartamento em Salvador como parte de um contexto que justificou a prisão do ex-ministro.

”Não é a primeira vez que Geddel Vieira tenta persuadir pessoas ou pressioná-las, conforme explana a autoridade policial ao mencionar episódio ocorrido há pouco tempo, embora não relacionado com os fatos: ‘Outrossim, Geddel Vieira Lima já deu exemplo de ser capaz de utilizar sua influência política para tentar seu favorecimento indevido, como ocorreu recentemente no episódio que envolveu o ex-ministro Marcelo Calero, em que Geddel, então secretário de Governo da República, valeu-se de sua pública e notória influência para obter decisão administrativa que beneficiaria empreendimento em que havia adquirido imóvel particular, nada impedindo que volte a exercê-la, agora em questão até mais grave’”, destacou o magistrado.

Ao jornal Folha de S. Paulo, o ex-ministro da Cultura reagiu à prisão de Geddel. “Não cultivo o sentimento mesquinho da vingança, mas sonho com um país em que os honestos possam dar sua contribuição e os desonestos respondam por seus atos. Que, acima de tudo, prevaleça a justiça, a democracia e a verdade”, disse Calero.

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