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| Foto: Nelson Almeida /AFP

O cerco que se fechou contra o empresário Joesley Batista, dono da J&F, o executivo Ricardo Saud, e o ex-procurador Marcello Miller é motivo de celebração no Palácio do Planalto. Qualquer movimento que fragilize o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, nesse momento, dizem aliados de Michel Temer, é a garantia de que o presidente irá conseguir levar seu governo até 2018.

Até mesmo o PT entende que uma segunda denúncia criminal contra Temer chegará sem força à Câmara por conta da situação que envolveu Janot, que se viu obrigado a rever os benefícios dos delatores da JBS e até pedir a prisão dos envolvidos diante da evidência de que eles omitiram informações em sua colaboração premiada.

PT e PMDB andam unidos no coro contra o procurador-geral, que, na véspera de deixar o cargo, denunciou petistas e peemedebistas do alto escalão, como Lula e Dilma de um lado, e Renan Calheiros, José Sarney e, muito provavelmente, Michel Temer. 

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"Está enfraquecida [segunda denúncia contra Temer] porque o Janot está enfraquecido. Ele termina seu mandato à frente da PGR de forma melancólica. Apresentando grandes denúncias sem qualquer fundamentação", disse o deputado Carlos Zarattini (PT-SP), líder petista na Câmara. Depois, fez um complemento quando perguntado se Temer não deveria ser investigado. "Agora, a situação do presidente Temer é grave. A primeira denúncia envolve seu assessor com uma mala de dinheiro pelas ruas. A segunda, ocorreu um fato novo gravíssimo. Um assessor seu (Geddel Vieira Lima) envolvido num apartamento com mais de R$ 51 milhões em dinheiro vivo. Uma pessoa da intimidade do presidente", disse.

Até mesmo a foto de Janot ao lado do advogado Pierpaolo Bottini, que atua na defesa do dono da JBS, num bar em Brasília é um novo motivo de animação. O propósito do Planalto é tirar a força de uma eventual segunda denúncia que Janot vai enviar contra Temer à Câmara. 

Outro objetivo é diminuir a sanha dos aliados que cobram contrapartida no apoio ao governo. "Claro que uma denúncia nesse momento está muito mais fragilizada do momento em que veio a primeira. E se conseguimos reverter aquela com certa facilidade, essa, se vier, será menos difícil de contornar. E os que cobram cargos do governo serão menos afoitos também", disse o deputado Beto Mansur (PRB-SP), um dos mais próximos aliados de Temer. 

Mesmo com ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) tendo o entendimento de que a prisão e o descrédito de Joesley não invalidam as provas que o empresário coletou, o ambiente no Planalto é outro. A nova denúncia de Janot terá que trazer fatos contundentes contra Temer. Para aliados, se a base de uma possível acusação de obstrução de justiça, crime que possivelmente Temer teria incorrido quando deu anuência a Joesley para conversar com juízes e procuradores, for gravação que ele fez do presidente no Palácio do Jaburu, a chance de prosperar é pequena. 

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"Ninguém acredita mais em nada que a dupla Joesley-Janot produziram. Depois daquela foto num boteco em Brasília com o advogado do Joesley acabou de vez. Janot está encurralado. Agora, faltam apenas a prisão do Miller e derrubar a prisão temporária desse pessoal e transformá-la em preventiva", opinou o deputado Darcísio Perondi (PMDB-RS), outro da turma de frente de Temer. 

"Essa segunda denúncia vem fraca. Só vai atrapalhar a reforma da Previdência. É o objetivo do Janot. Mas o ambiente está animado, muito animado. A flechada dele voltou feito bumerangue", completou Perondi. 

Mais contido, o vice-presidente da Câmara, Fábio Ramalho (PMDB-MG), afirmou que se vier uma segunda denúncia, que se apresente provas. "A gente confia na Justiça. É momento de muita serenidade. Qualquer denúncia que chegar é grave, mas tem que olhar com cautela. Tem que ter provas", afirmou.

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