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Fábrica de produtos de plástico em Ciudad del Este: indústria paraguaia cresce e ajuda país a manter o desemprego  na casa dos 5% | Marcos Labanca/Gazeta do Povo
Fábrica de produtos de plástico em Ciudad del Este: indústria paraguaia cresce e ajuda país a manter o desemprego na casa dos 5%| Foto: Marcos Labanca/Gazeta do Povo

Nos últimos anos o Paraguai tem se tornado um dos grandes destaques econômicos da América Latina. Em Davos, no início do ano, foi inclusive tratado como a estrela da região. Chamam a atenção os níveis baixos de desemprego no país, além de dívida pública e inflação controladas. Se antes era considerado o “primo pobre” da América do Sul, agora leva vantagem quando comparado com os “grandes” em muitos setores. Um bom exemplo para essa comparação é a taxa básica de juros praticada no Brasil e no Paraguai. Enquanto aqui ela está em 11,25% ao ano, no vizinho ela é de 5,50%. Mas qual o explicação para essa diferença ser tão grande? 

De acordo com quem acompanha de perto a economia da América Latina, uma das explicações é justamente a inflação mais controlada no país: 3,6% contra os 4,57% brasileiros. Gustavo Paiva Iamin, economista e professor da Universidade Positivo, explica que, de forma resumida, dois fatores são mais decisivos para determinar essa taxa: credibilidade do país e inflação. Dentro disso, Iamin vê a credibilidade dos dois países bem equilibrada e “por isso a inflação mais controlada explicaria a diferença entre as taxas”. 

Para a economista e professora da UniBrasil Franciele Lourenço, a explicação também passa pela inflação, mas avança também em outras frentes, como o processo de industrialização que o país vem passando nos últimos anos, acompanhado do fechamento de muitas indústrias no Brasil. Essa dinâmica fez não só que um ciclo significativo de crescimento se iniciasse, comprovado por números como aumento do PIB e a própria inflação, mas também que a competitividade do país aumentasse, já que consegue atrair maiores investimentos. “Deixaram de ver o Paraguai só como um sinônimo de ‘muamba’ e passaram a ver como uma boa opção produtiva”, explica a professora. 

Além da inflação controlada e dos processos de industrialização e crescimento, há ainda fatores como taxas de importação e exportações mais baixas e uma carga tributária de cerca de 13% do PIB, bem menor do que os 33% no Brasil. De acordo com Franciele, esses fatores ajudam a manter o bom cenário que culmina na taxa básica de juros menor que a brasileira. Para ela, há ainda a questão da dívida pública paraguaia ser mais controlada, pouco mais de 20% do PIB, enquanto no Brasil, ela se aproxima dos 70%. 

Por fim, outro motivo que ajuda a explicar esse intervalo entre as taxas básicas de juros dos vizinhos é a gestão fiscal feita pelos países. Segundo o relatório recente do Fundo Monetário Internacional (FMI), o recolhimento de impostos no Paraguai tem se mostrado cada vez mais “eficiente” e crescido junto com a economia. O relatório destaca também que as políticas fiscais no país desempenharam um “papel importante” para reduzir o déficit para apenas 1,4% do PIB e segurar um avanço na inflação. Já no Brasil, os dados mais recentes do Banco Central mostram que o déficit até o momento representa 2,34% do PIB, o que contribui de forma significativa para que a taxa básica de juros seja mais do que o dobro da paraguaia.

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