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Existem várias teorias que tentam explicar as teorias da conspiração e o fascínio que elas exercem. Por mais tratem do assunto por diferentes linhas, muitas delas compartilham um elemento comum: teorias da conspiração atraem porque apresentam uma explicação simples (e simplista) para fatos que costumam ser complexos e que muitas vezes nem mesmo têm respostas definitivas. As pessoas em geral não querem gastar tempo e esforço buscando compreender temas de muita complexidade. E não suportam ficar sem respostas.

A divisão maniqueísta entre bons e maus produz esse conforto cognitivo simplista. Afinal, bons são bons e maus, maus. Não há a possibilidade de haver maldade em pessoas boas, e bondade nas que são vistas como más. E ponto final.

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Ao mesmo tempo, a cisão definitiva do mundo em dois campos opostos e claramente delimitados facilita a simplificação da realidade complexa. A origem do mal é facilmente identificável: são os conspiradores. 

E aqui opera outra simplificação, a personalização da culpa. Um pequeno parêntese explicativo. É claro que há culpados. Mas nem sempre a culpa é da pessoa e/ou grupo a que se atribui a responsabilidade (acidentes e eventos sem a interferência humana, por exemplo, costumam ocorrer). Mas as pessoas se sentem mais confortáveis em ter alguém para culpar.

As teorias da conspiração oferecem ainda a seus adeptos outro benefício: o poder de saber algo “secreto” que é desconhecido pela “massa ignorante”.

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A explicação e o alerta do filósofo

O filósofo austro-britânico Karl Popper (1902-1994) propôs uma explicação para o fascínio que as teorias da conspiração exercem. E também fez um alerta para o risco de se acreditar nelas.

Primeiro, a explicação. Segundo Popper, teorias conspiratórias nascem de um otimismo exagerado do ser humano na possibilidade de conhecer (e possuir) a verdade. Para os otimistas do conhecimento, a verdade sempre é reconhecível quando colocada a sua frente. E, se ela não se revelar por si só, pode ser facilmente descoberta.

O grande problema desse otimismo é que a verdade nem sempre é evidente – como demonstram as sucessivas descobertas científicas, que desacreditam teorias anteriores tidas como verdadeiras.

Mas quem acredita possuir a verdade absoluta tende a ser dogmático. Afinal, se a verdade é evidente, como alguém pode incorrer em erro, acreditar no que é falso? Popper diz que o superotimista só encontra duas respostas possíveis para a crença na falsidade: a mente de quem acredita no é supostamente falso está deturpada; ou a pessoa está sendo mantida na ignorância por forças que conspiram para que ela permaneça assim por meio da supressão maliciosa da verdade. Assim nascem as teorias da conspiração.

Popper reconhece que existem conspirações reais. Mas ele afirma que elas são muito menos frequentes do que as teorias da conspiração. O filósofo alerta que acreditar nelas pode ser perigoso.

No livro A Sociedade Aberta e Seus Inimigos, Popper afirma que totalitarismos costumam ser fundamentados conceitualmente sobre teorias da conspiração que exploram a suposta existência de complôs de grupos sociais (raças ou classes) contra o restante da população. 

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