• Carregando...
 | Alan Santos/Presidência da República
| Foto: Alan Santos/Presidência da República

O Palácio do Planalto está preocupado com a elevação da temperatura política e possibilidade de aumento da violência em diversas cidades do país por militantes que defendem o ex-presidente Lula da Silva, depois de atos de vandalismo e incitamento ao enfrentamento pelas lideranças ligadas ao PT. Por isso, o presidente Michel Temer passou a noite no Paraná, onde, nesta manhã de sábado (7) , participa de um painel do III Simpósio Nacional de Varejo e Shopping de Foz do Iguaçu. Ontem à noite, depois de posse da diretoria da Federação Comercial da Bahia, em Salvador, Temer voou direto para Foz do Iguaçu, informação que foi omitida em sua agenda.

A decisão de ir direto para Foz do Iguaçu, sem alarde e sem constar na agenda, faz parte da estratégia do Planalto de preservação da segurança do presidente, ainda mais em momentos de crise e acirramento dos ânimos, com clara incitação à violência pregada por militantes petistas, principalmente agora, após a decretação da prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva pelo juiz Sergio Moro. Isso levou à mudança da rotina presidencial de retornar normalmente para Brasília depois das viagens ou, no máximo, seguir direto para São Paulo, para dormir e depois embarcar para o próximo destino.

Desde a tarde de sexta-feira já havia aumentado a preocupação do Planalto com a possibilidade de enfrentamento entre grupos políticos, por conta deste acirramento dos ânimos após decretação da prisão de Lula e a pregação da violência pelos militantes petistas.

Cármen Lúcia

A pichação ao prédio onde a presidente do Supremo Tribunal Federal, ministra Cármen Lúcia, tem um apartamento, em Belo Horizonte, foi considerada “grave” pelo governo. Na noite de sexta-feira, após tomar conhecimento da pichação de vermelho ao edifício, o ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Sérgio Etchegoyen, telefonou para a ministra para prestar-lhe solidariedade.

Etchegoyen ofereceu ainda auxílio do governo federal até mesmo para apuração em relação ao que aconteceu. O governo considerou “lamentável” o ocorrido e colocou à disposição a estrutura para medidas de segurança, embora reconheça que o STF tem seu próprio sistema de proteção à presidente.

Cármen Lúcia não estava no seu apartamento no momento do ataque por integrantes do MST, na tarde da sexta-feira. Ela costuma passar pelo menos um fim de semana por mês neste seu apartamento em Belo Horizonte. Segundo apurou a reportagem, a ministra, que pediu “serenidade” em pronunciamento por conta do julgamento do habeas corpus contra a prisão de Lula, ficou “assustada” com a agressão, que atingiu também o prédio do Ministério Público, em frente à sua residência.

A ministra mostrou-se apreensiva também com os transtornos provocados aos demais moradores do prédio pela violência e a pichação. Ela também teme o aumento do acirramento dos ânimos em várias localidades do país, por conta das manifestações violentas. A avaliação é de que a pichação acabou sendo realizada por pessoas ligadas ao Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) que estavam participando de atos em apoio à ex-presidente Dilma Rousseff, que transferiu seu titulo para a capital mineira para se candidatar nas eleições de outubro.

Monitoramento

O governo está monitorando as manifestações em todo o país, seja por meio da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), seja pelas Forças Armadas, para ter o termômetro da situação e estar atento se houver sinalização de que as coisas possam estar prestes a fugir do controle. No momento, no entanto, apesar do temor e de saberem que basta um pequeno episódio para as coisas tomaram proporções trágicas, tudo segue tranquilo.

A maior preocupação do governo é com a apologia à violência, que pode funcionar como uma bola de neve, espalhando atos de vandalismo pelo país, com fechamento de estradas, por exemplo como já aconteceu nesta sexta-feira, impedindo o direito de ir e vir das pessoas e levando a confrontos entre grupos rivais. Apesar do estado de ânimo acirrado, o Exército não entrou em prontidão em São Paulo, onde a situação está mais tensa, já que Lula não cumpriu a determinação da Justiça de se entregar e passou mais uma noite no Sindicato dos Metalúrgicos, tentando liderar uma comoção nacional.

O comando das Forças Armadas entende que não só em São Paulo, mas também em Curitiba, para onde Lula será levado após ser preso, as polícias militares têm uma boa estrutura e atuam com firmeza e presteza na contenção de distúrbios e controle da ordem. Por isso mesmo, consideram muito pouco provável que haja necessidade de pedido de reforço a tropas federais para qualquer tipo de emprego nos dois locais. Os dois estados eram comandados por tucanos até a última sexta-feira.

Conforme o jornal O Estado de S.Paulo informou neste sábado, a possibilidade de um confronto entre os apoiadores do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e os grupos opositores, ou com a polícia, é considerada pelos militares “um evento perfeitamente controlável pelas organizações estaduais de segurança em São Paulo e no Paraná”.

A incitação à violência, não só pelas redes sociais, mas também em entrevistas e discursos espalhados pelo país, foi muito criticada por interlocutores do presidente, principalmente pelo fato de que não se viu o Ministério Público tomar nenhuma atitude para tentar questionar quem estava tirando o sossego da população e cometendo o crime de incentivar o vandalismo. A mesma crítica foi feita por militares. Eles se queixaram de ter sido alvos de todo tipo de agressão e declarações raivosas por conta de mensagem no Twitter escrita pelo comandante do Exército, general Villas Bôas, que, na visão deles, teria se limitado a defender o cumprimento da Constituição e repudiado a impunidade, embora tenha feito isso na véspera do julgamento do habeas Corpus de Lula, sendo, por isso, acusado de estar pressionando o STF. Diversas mensagens de WhatsApp circularam entre militares mostrando, entre outros vídeos e notícias, o líder do MST, José Rainha, pregando a guerra civil. Para os oficiais, este tipo de atitude teria de levar os seus responsáveis a responder criminalmente por este ato.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]