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O ex-diretor do Departamento de Operações Estruturadas da Odebrecht Hilberto Mascarenhas Silva, em depoimento à Lava Jato: ele disse fazer pagamentos, mas sem conhecer detalhes. | Reprodução/
O ex-diretor do Departamento de Operações Estruturadas da Odebrecht Hilberto Mascarenhas Silva, em depoimento à Lava Jato: ele disse fazer pagamentos, mas sem conhecer detalhes.| Foto: Reprodução/

Em seu depoimento na delação premiada que fez na Lava Jato, o ex-diretor do Departamento de Operações Estruturadas da Odebrecht Hilberto Mascarenhas Silva revelou que a lista de beneficiários de pagamento de propina da empresa ultrapassava 500 pessoas. Esse departamento era o responsável somente pelo pagamento de propinas.

Mascarenhas revelou que seu papel era apenas de atender a uma ordem de autorização para pagar alguém, mas disse que evitava conhecer detalhes. Ele afirmou que se soubesse de tudo, ia acabar morrendo.

A informação do ex-diretor consta do trecho em que fala sobre o pagamento que Marcelo Odebrecht, presidente da empreiteira, autorizou a ser feito para Anderson Dorneles, ex-assessor especial de Dilma Rousseff e responsável pela agenda da ex-presidente. O codinome de Dorneles era “Las Vegas”.

Mascarenhas citou o número de 500 pessoas na lista após ser perguntado pelos procuradores se ele tinha conhecimento da razão de o ex-assessor ter recebido o dinheiro. Foram sete parcelas de R$ 50 mil, totalizando R$ 350 mil, entre 2013 e 2014, segundo os delatores.

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“Não tomei (conhecimento) e não me interessa. Eram mais de 500 pessoas que tinham codinomes cadastrados. Se eu fosse saber tudo, eu ia morrer”, contou Mascarenhas na sua delação. Ele falou que nunca corrompeu ninguém.

“Meu papel era: autorizado (o pagamento), é pagar“, disse. “Não tinha a responsabilidade de corromper ninguém. Não oferecia nenhum recurso a ninguém. E não tinha porque saber a quem estava pagando.”

Um dos procuradores ainda perguntou ao delator se ele tinha ciência que seu setor era de pagamento de propina, de dinheiro não contabilizado. Hilberto Mascarenhas respondeu que sim. “Tinha ciência, mas não sabia o porquê. O que o Las Vegas fez para merecer esse presente? Eu não sabia”, afirmou o delator.

Marcelo Odebrecht contou em seu depoimento que mantinha contato com Dorneles dada sua proximidade com Dilma. Ele contou que o ex-assessor da então presidente lhe prestava pequenos favores, como o de encaminhar alguma mensagem, via e-mail.

Citou o exemplo de que certa vez, quando saiu uma nota em um jornal que noticiava que seu pai, Emilio Odebrecht, criticou Dilma em uma festa. Ele disse que mandou uma mensagem ao assessor desmentindo. Sabia que o desmentido chegaria aos ouvidos da petista.

O empresário disse que Dorneles o procurou pedindo essa ajuda financeira que era para socorrer um amigo. “É complicado não atender. Quantos meus e-mails não seriam bloqueados (se não atendesse)?”

Em nota, durante a semana, Dorneles negou que tenha feito o pedido do dinheiro a Marcelo Odebrecht.

O empreiteiro também afirmou que, antes do suposto pedido de ajuda financeira, Dorneles já havia solicitado que Odebrecht conseguisse lugar para ele e amigos em camarotes de desfile de Carnaval, no Rio e na Bahia. “Véspera de Carnaval era um inferno. Tinha pedido de todo mundo, do setor público e privado”, contou.

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