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| Foto: MARCOS CORREA/PR

Com dificuldade em conseguir apoio para aprovar a reforma da Previdência, o presidente Michel Temer disse que já fez sua parte e que é preciso convencer a população para ter apoio do Congresso à proposta, principal pilar de sua agenda de ajuste fiscal. “Eu já fiz a minha parte nas reformas e na Previdência”, disse Temer em entrevista ao Estadão/Broadcast na quinta-feira (1). “Agora é preciso convencer o povo, porque o Congresso sempre ecoa a vontade popular”, completou. Temer lembrou que tem participado de programas populares para tentar diminuir a resistência da população em torno do tema.

Nesta sexta (2), antes de embarcar para Cabrobó (PE) para Cerimônia de Inauguração da 2ª Estação de Bombeamento do Eixo Norte do Projeto de Integração do Rio São Francisco, Temer concedeu entrevista a Rádio Jornal de Pernambuco e voltou a defender a aprovação da reforma da Previdência sob o argumento de que sem ela os aposentados poderão ficar sem o benefício. “É preciso um fechamento das reformas com a reforma da Previdência, que não é para o meu governo”, disse, destacando que o déficit tende a aumentar e no futuro o benefício corre o risco de não ser pago.

Nova campanha ‘inspirada’ em Temer

Um caso semelhante ao do presidente Temer foi usado pelo governo em campanha para criticar os privilégios aos servidores públicos em propaganda sobre a reforma previdenciária. No vídeo, que será divulgado nas redes sociais, a equipe de marketing descreve uma personagem fictícia chamada João.

Ela se formou em direito, trabalhou como funcionário público, se aposentou aos 50 anos e recebeu valor integral de R$ 35 mil. O presidente também se formou em direito, atuou como procurador do Estado de São Paulo, aposentou-se aos 58 anos e recebe remuneração bruta de R$ 45 mil.

Como ganha também salário de R$ 30,9 mil como presidente, o vencimento mensal dele sofre abate-teto e deduções. Em outubro, por exemplo, o rendimento foi de R$ 22,1 mil. “Todos pela reforma da Previdência. Todos pela igualdade”, conclui a publicidade, que compara a situação de um funcionário público com a de alguém da iniciativa privada.

Em novembro e dezembro, o presidente ficou com a aposentadoria suspensa porque não fez a “prova de vida”, comparecimento anual para provar que está vivo. Além desse vídeo, o Palácio do Planalto divulgará publicidade que faz uma nova versão de propaganda do Posto Ipiranga.

Nela, uma mulher faz perguntas a um homem do campo, que, em vez de sempre direcioná-la ao Posto Ipiranga, manda ela para o Posto da Previdência. Na tentativa de aprovar a reforma, o governo estima gastar cerca de R$ 50 milhões até o final deste mês em peças publicitárias. Só no ano passado, foram repassados R$ 103,5 milhões para agências de publicidade.

Votação em fevereiro

O presidente diz que está avaliando, junto com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), se o texto será colocado em pauta no dia 19 de fevereiro, mesmo sem a certeza dos 308 votos necessários para aprovação. “Nós vamos insistir muito na reforma da Previdência. Agora, de fato, é preciso ter votos. Nós temos duas, três semanas para fazer a avaliação se temos votos ou não e depois decidimos se vamos votar de qualquer maneira ou não”.

Integrantes do governo colocaram fevereiro como a única alternativa para votar a reforma. Antes, alguns aliados de Temer defendiam que a reforma fosse colocada em votação em novembro, depois das eleições, o que aumentaria, na visão deles, as chances de o texto ser aprovado, porque os parlamentares não teriam mais de votar tema tão impopular temendo a punição nas urnas.

O ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, disse que se a reforma não for votada em fevereiro, o governo não tem a intenção de insistir nessa pauta indefinidamente. “Tem momentos em que a batalha tem de parar, e achamos que é em fevereiro”, disse. “Se passar de fevereiro, não podemos ficar com essa pauta de forma indefinida. Mas estamos com fé de que vamos construir condições para votar a reforma em fevereiro.”

Alterações

De acordo com o ministro da Secretaria de Governo, Carlos Marun, o relator da reforma, Arthur Oliveira Maia (PPS-BA), vai apresentar no dia 6 de fevereiro, o texto da reforma com algumas alterações, como uma última cartada para a aprovação. Em visita ao Rio de Janeiro para buscar apoio, Marun afirmou ainda acreditar que o governo conseguirá os “40 a 50” votos que precisa para atingir os 308 necessários.

Já nas contas do deputado Rogério Rosso (PSD-DF), um dos vice-líderes do governo na Câmara, há hoje no máximo 240 votos, e o governo não chegará “em nenhuma hipótese” ao número de votos necessários para aprovar a proposta. Ele afirmou ter feito um apelo ao presidente para adiar a votação e não marcar nova data.

“A Previdência está cada vez mais longe de ser aprovada”, afirmou. Rosso, cuja base do eleitorado é de servidores públicos, se colocou na linha de frente para negociar com o governo propostas de interesse das categorias do funcionalismo na reforma. O deputado disse que os servidores querem discutir no texto a regra de transição, pensão por morte e tratamento especial para profissionais que atuam em atividade de risco, como policiais.

O deputado Beto Mansur (PRB-SP), também vice-líder do governo na Câmara, porém, rebateu as declarações de Rosso. Disse que o governo manterá a apreciação da proposta em fevereiro. “Temer não vai recuar de jeito nenhum.”

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