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| Foto: Mauro Pimentel/AFP

A semana mais importante da curta gestão de Michel Temer começa nesta segunda-feira (31) sob o signo da incógnita e da dúvida sobre seu desfecho. Nem governo nem oposição sabem o que irá acontecer na quarta-feira (2), dia marcado para a votação da denúncia do procurador-geral Rodrigo Janot, que acusa o presidente de incorrer no crime de corrupção passiva, no plenário da Câmara dos Deputados. Há, nesse momento, uma tendência de que Temer escape de ser afastado do Palácio do Planalto, mas o jogo ainda é imprevisível.

O principal beneficiado com a saída de Temer, que será temporária até ele ser julgado em definitivo pelo Supremo Tribunal Federal (STF), é o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ). O democrata fez dois movimentos distintos na última semana: primeiro, disse ser preciso votar logo a denúncia porque o “paciente (Temer) não pode ficar com a barriga aberta”; segundo, afirmou que a base do governo é suficiente para garantir o quórum e salvar o mandato do presidente.

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Para a ação contra Temer ter continuidade são necessários os votos de 342 deputados. Esse é o número mínimo de parlamentares que terão que registrar seus nomes no painel para se dar a votação. O governo só precisa do apoio de 172, que votem com ele ou que nem apareçam no plenário. Mas tem o desgaste e a encruzilhada: não comparecer é fazer feio diante da opinião pública e ir votar – contra ou a favor – de Temer também.

Claro, tem os governistas convictos, que marcarão presença e dirão “não” à denúncia – se houver quórum para votação. Os números do governo são muitos. Alardeiam ter entre 250 a 280, mas já se fala que está na faixa dos 200, um número arriscado. O governo fez um apelo inusitado na semana que passou. Um de seus vice-líderes, Beto Mansur (PRB-SP), pediu que mesmo os integrantes da base que pretendam votar contra Temer, que compareçam. Há uma estimativa que sejam 80 o número de “traidores”.

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“É preciso acabar logo com isso e o Brasil voltar à sua normalidade. Por isso esse apelo, para que quem é da base, mas quer votar contra, que compareça e dê presença”, disse Mansur, numa declaração que demonstra a preocupação do governo.

“Ministros-deputados” vão votar

Todos os ministros que são parlamentares deixarão suas pastas e reassumirão seus mandatos na Câmara. Mais do que votar a favor do presidente, irão fazer um corpo a corpo nos aliados e com a caneta na mão, já que retornarão aos seus postos se Temer continuar presidente. Houve uma orientação do peemedebista para que eles não deixem Brasília entre os dias 1º e 10 de agosto.

Líderes de partidos e ministros se reuniram neste domingo (30) no Palácio da Alvorada. O presidente foi ao Rio de Janeiro, para acompanhar as ações dos militares nas ruas da cidade, e voltou a tempo de se juntar a eles, à noite. “Estamos confiantes que iremos superar, com sobra, essa conspiração asquerosa contra o nosso governo”, disse o deputado Carlos Marun (PMDB-MS). A orientação é evitar a divulgação de números nesses últimos dias.

Enquanto isso, a oposição anda um tanto perdida. Não se vê no PT empenho para tirar Temer. Faltam mobilizações, discursos e iniciativas nesse sentido. Outras legendas desse campo, casos de Rede e PSOL, estão à frente.

Até agora os petistas não sabem como se comportar na quarta-feira. O líder do partido na Câmara, Carlos Zarattini (SP), chegou a dizer que o partido deve marcar presença e votar. São 58 deputados. Se de fato fizerem isso, estarão ajudando ao governo, que terá que colocar 58 parlamentares a menos para garantir o quórum de 342. O ex-líder José Guimarães (CE), porém, diz que a orientação será de obstrução e não deixar a sessão acontecer. É aguardar.

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