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Mensagens extraídas pela Polícia Federal do celular do governador afastado do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), mostram que ele minimizou um alerta feito pelo presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG) sobre possíveis protestos violentos no dia 8 de janeiro. As mensagens constam no laudo da PF enviado ao Supremo Tribunal Federal (STF) e foram divulgadas pelo Jornal Nacional, da TV Globo, portal g1 e portal UOL com imagens e prints dos documentos.

Além de tranquilizar Pacheco, o governador afastado trocou mensagens com o ministro da Justiça, Flávio Dino, e com a presidente do STF, ministra Rosa Weber.

"Estimado governador, boa noite! Polícia do Senado está um tanto apreensiva pelas notícias de mobilização e invasão ao Congresso. Pode nos ajudar nisso?", escreveu Pacheco a Ibaneis às 20h do sábado (7). Ibaneis respondeu: "Já estamos mobilizados. Não teremos problemas. Coloquei toda a força nas ruas".

Dino questionou Ibaneis sobre esquema de segurança

O ministro da Justiça enviou, às 21h11, do dia 7, ao então governador o ofício que solicitava o bloqueio da circulação de ônibus no entorno da Praça dos Três Poderes nos dias 8 e 9. Já na madrugada do dia 8, às 00h29, Dino encaminhou uma notícia do portal Metrópoles, na qual Ibaneis dizia que as manifestações na Esplanada dos Ministérios seriam liberadas desde que fossem “pacíficas”.

O ministro da Justiça então afirma: “Governador, não entendi bem qual será a sua orientação para a Polícia do DF”. E acrescenta: “Onde será o ponto de bloqueio e de que forma?”

Ibaneis só respondeu ao ministro às 11h21, com um relatório e um áudio do então secretário-executivo de Segurança Pública do DF, Fernando de Souza Oliveira. No dia das invasões, Oliveira comandava a secretaria de forma interina, pois o titular da pasta, Anderson Torres, estava nos Estados Unidos.

"Público oriundo das caravanas em torno de 2.500 pessoas. Verificou-se chegada de mantimentos (alimentos, água, material de higiene) e instalação de diversas barracas de camping e lona", diz um trecho do relatório. "Situação tranquila, no momento”, acrescentou.

No áudio de Oliveira encaminhado a Dino, o secretário interino diz: “Passando pro senhor as últimas notícias da madrugada e do início do dia…não houve nenhuma intercorrência relacionada aos manifestantes. Tudo bem tranquilo, eles estão lá no…a maioria no QG, mas de forma pacífica e tranquila". O ministro agradeceu o governador.

Por volta das 14h30, Ibaneis enviou a Dino um novo áudio do secretário em exercício: "Informe do meio-dia", disse. "Até agora nossa Inteligência está monitorando e não há nenhum informe de questão de agressividade ligada a esse tipo de comportamento. Então, esse é o último informe pro senhor. Tem aproximadamente 150 ônibus já no DF, mas todo mundo de forma ordeira e pacífica", disse Oliveira no áudio.

"Oremos para que tudo acabe bem", disse o ministro em resposta. Às 16h05, quando a invasão e depredação em Brasília já havia começado, o governador não atendeu uma ligação de Dino. Alguns minutos depois, a presidente do Supremo alertou Ibaneis sobre a invasão do Congresso. Após os alertas, às 16h43, ele disse ao ministro: "Vamos precisar do Exército".

O Exército não foi chamado para conter os vândalos, o governo Lula determinou intervenção federal na segurança pública do DF ainda naquela tarde. Na noite do dia 8, o ministro Alexandre de Moraes afastou Ibaneis do cargo.

"Já entraram no Congresso", disse Rosa Weber a Ibaneis

A presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministra Rosa Weber, enviou mensagens para Ibaneis Rocha durante os atos de vandalismo nas sedes dos Três Poderes no dia 8 de janeiro. "Já entraram no Congresso!", diz a mensagem enviada às 16h25 pela ministra ao governador afastado.

Ibaneis respondeu a Rosa Weber que "todas as forças de segurança" estavam nas ruas. Ele também enviou para a presidente do STF o contato de Oliveira. A ministra afirmou: “O Secretário de Segurança do DF está de férias, por isso o contato como senhor!”, escreve a ministra. Ibaneis responde: “Estamos cuidando”.

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