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Letícia Catelani, demitida da Apex, e o presidente Jair Bolsonaro
Letícia Catelani, demitida da Apex, e o presidente Jair Bolsonaro: ela diz ter sofrido “pressão de dentro do governo” para manter “contratos espúrios”.| Foto: Reprodução/Facebook

O novo presidente da Agência de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex) do Brasil, o almirante Sérgio Ricardo Segovia Barbosa, notificou extrajudicialmente a ex-diretora de negócios Letícia Catelani, nesta sexta-feira (10), a apresentar provas sobre a acusação de corrupção no órgão.

Demitida da Apex na segunda-feira (6), após a mudança na presidência, ela publicou nas redes sociais que pagou o preço “por ter combatido a corrupção” e que sofreu pressão para manter "contratos espúrios" na agência, que é ligada ao Itamaraty. “Pressão a qual não cedi, não me dobrei e me mantive firma aos meus valores”, completou.

Barbosa deu prazo de 72 horas para que Letícia “explicite e apresente elementos probatórios, de forma transparente e cristalina, acerca dos atos e contratos objeto de suas declarações, visto que é de fundamental interesse da Administração desta Agência que as informações sejam detalhadas com transparência para que, eventualmente se confirmando a veracidade, sejam imediatamente adotadas as medidas administrativas e judiciais cabíveis”.

Letícia era uma indicação do ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, e tinha ligação com o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente da República.

Desde o primeiro mês do governo Jair Bolsonaro, a Apex se tornou foco de embates entre a ala dita "olavista" – seguidora do escritor Olavo de Carvalho, como o chanceler Ernesto Araújo – e os militares. Em cinco meses, a agência trocou de presidente três vezes.

O diplomata Mário Vilalva, por exemplo, foi demitido no início de abril por Araújo alegando ter sido boicotado na agência por Letícia e por Márcio Coimbra, outro diretor que deixou a Apex nesta semana.

Ex-diretora diz que gabinete foi arrombado

Ainda nesta sexta, Letícia Catelani denunciou nas redes sociais que teve o seu gabinete na Apex arrombado um dia depois de ser impedida de entrar lá e apanhar seus pertences. “Não sei quem arrombou a porta, não sei quem autorizou, não sei quem pegou objetos”, escreveu no Twitter.

Ao site O Antagonista, o general Roberto Escoto, chefe de gabinete da Presidência da Apex, reconheceu que o gabinete precisou ser aberto, mas negou ter havido qualquer irregularidade. “Mais uma mentira dela. Fizemos da forma mais correta e legal possível”, disse.

Escoto disse que precisou chamar um chaveiro, pois Letícia havia trocado a fechadura do gabinete e não deixou chave reserva.

“Nomeamos uma comissão para inventariar os bens dela, chefiada por um advogado, já que ela não veio mais aqui. Hoje, como a sala tinha que ser desocupada para o próximo diretor, que está sendo nomeado, então os bens dela foram inventariados e serão entregues a ela no local que indicar.”

Letícia afirmou que esteve na Apex na quarta-feira (8) para tentar pegar seus objetos pessoas, mas teve a entrada no prédio vetada.

Nova diretoria da Apex é nomeada

Nesta sexta, a nova presidência da Apex divulgou que nomeou um diplomata de carreira e um militar da reserva para comandar duas diretorias da agência que estavam vagas desde segunda-feira. São eles Augusto Souto Pestana, que assume a Diretoria de Negócios, e o almirante da reserva Edervaldo Teixeira de Abreu Filho, para a Diretoria de Gestão Corporativa.

Segundo o jornal O Globo, Segovia Barbosa iniciou um processo de dispensa de 21 colaboradores contratados este ano sem processo seletivo.

"Os cargos de confiança por eles então ocupados serão preenchidos imediatamente por pessoal da Casa. Em casos pontuais, com critério e a pedido dos Diretores, alguns desses cargos poderão vir a ser ocupados por profissionais com a devida qualificação. Adianto que convidei um membro da AGU (Advocacia-Geral da União) para ser um colaborador na Assessoria Jurídica", escreveu o novo presidente, em e-mail direcionado aos funcionários da Apex.

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