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Putin - Conferência - Rússia - PT - Brasil
Após receber comitiva da China, delegação do PT vai para Rússia participar de evento com Putin| Foto: Divulgação/Duma/Governo Russo

Em mais uma aproximação com autocracias, parlamentares do Partido dos Trabalhadores (PT) estiveram em Moscou, na Rússia, para participar da Conferência Parlamentar Internacional Rússia-América Latina. O encontro teve início no último dia 29 e seguiu até esta segunda-feira (2). O intuito era criar alianças entre o governo russo e países latino-americanos.

"Nossa cooperação bilateral se tornará uma das locomotivas na criação de uma nova ordem mundial multipolar no planeta", disse Leonid Slutski, presidente da Comissão de Assuntos Internacionais da Duma, câmara baixa do Parlamento russo, sobre o encontro.

O Kremlin invadiu a Ucrânia em 2022 com o objetivo de anexar o território do país vizinho. A guerra de anexação recebeu apoio apenas das ditaduras da China, do Irã e da Coreia do Norte. Por isso, Moscou busca agora apoio na América Latina.

Conforme revelou o porta-voz da Duma, Vyacheslav Volodin, a América do Sul enviou 200 representantes, entre eles parlamentares do Brasil e da Venezuela. De acordo com o documento ao qual a Gazeta do Povo teve acesso, as legendas brasileiras com membros no evento foram do PT, PCdoB, MDB, PSD e PSB. Imagens postadas nas redes sociais confirmaram a participação de políticos das quatro primeiras siglas citadas.

Ainda segundo a lista, entre os membros da delegação brasileira que estiveram na Rússia constavam: Veneziano Vital do Rêgo (MDB-PB), vice-presidente do Senado, Irajá Silvestre Filho (PSD-TO), Arlindo Chinaglia Junior (PT-SP), Carlos Zarattini (PT-SP), Francisco Celeguim (PT-SP), Miguel Ângelo (PT-MG), Valmir Assunção (PT-BA), Reginete Bispo (PT-RS), Orlando Silva de Jesus Junior (PCdoB-SP), Mario Maurici (PT-SP), Laura Sito (PT-RS), e Acilino José Ribeiro de Almeida, secretário Nacional do Movimento Popular Socialista (vinculado ao PSB).

Nas redes sociais, o deputado federal Valmir Assunção (PT) informou que a comitiva brasileira se encontrou também com representantes do governo de Cuba e da Venezuela, os quais marcaram presença no evento promovido pela Rússia.

Acenos à esquerda e menção a Che Guevara e Fidel Castro

O evento na Rússia teve duração de quatro dias e, nesta segunda-feira (2), Putin fez um discurso ideológico para os presentes. Em seu pronunciamento, o russo disse que a América Latina segue uma "política independente" e pode ter um "papel fundamental na política mundial".

Em um aceno às legendas de esquerda, o presidente russo exaltou conhecidos ditadores esquerdistas em seu discurso: “Os latino-americanos sempre lutaram pela independência e a história do seu continente está repleta dos exemplos mais notáveis [...] Isto também aconteceu na segunda metade do século passado, quando o continente deu ao mundo lutadores altruístas pela justiça e pela igualdade social como Salvador Allende, Ernesto Che Guevara e Fidel Castro”.

Putin ainda reiterou o interesse de seu país em fortalecer os laços com os países latino-americanos. “Estamos convencidos de que a promoção do diálogo direto entre parlamentos abrirá oportunidades para aprofundar a nossa cooperação e expandi-la através de novas áreas de atividade conjunta”, disse.

Rússia repete estratégia chinesa para se aproximar da América Latina 

A cúpula realizada em Moscou, entre os dias 29 de setembro e 2 de outubro, foi o primeiro desse tipo realizado pela Rússia e pode ser visto como uma tentativa do Kremlin de se aproximar da América Latina. Enquanto se vê isolado do mundo após invadir a Ucrânia há mais de 18 meses, Putin tem buscado apoio em nações em desenvolvimento. A guerra provocada por Putin já deixou mais de 200 mil mortos.

O governo russo organizou mesas de discussão sobre diversos temas e reiterou o interesse em aumentar sua parceria com os países do Caribe e da América Latina. A estratégia aplicada por Putin é a mesma utilizada por Xi Jinping, da China. Enfrentando uma espécie de “Guerra Fria 2.0” com os Estados Unidos, o gigante asiático tem se aproximado cada vez mais de países na América Latina e na África.

Neste ano, o Partido Comunista da China recebeu uma comitiva do PT em Pequim e, há pouco mais de 10 dias, o secretário da Comissão Central de Inspeção Disciplinar do Partido Comunista da China, Li Xi, foi quem veio ao Brasil. Por aqui, o membro do alto escalão do governo chinês assinou acordos de “cooperação internacional” com o PT e se encontrou com Lula e o vice-presidente do Brasil, Geraldo Alckmin (PSB).

A aproximação entre os partidos é observada com cautela devido ao regime autocrata imposto por Xi Jinping, na China. Há mais de 10 anos no cargo de presidente, Jinping é acusado de uma série de crimes contra os direitos humanos, de restringir o acesso da população à internet e manipular as notícias veiculadas na imprensa local. O mesmo acontece com a Rússia de Vladimir Putin.

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