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O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) foi alvo de mandados de busca e apreensão nesta sexta (18) em sua residência e na sede do PL em Brasília. Os mandados foram emitidos pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que determinou também a imposição de medidas cautelares.
A operação contra Bolsonaro foi motivada, segundo Moraes, por conta da atuação do deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) nos Estados Unidos para articular sanções contra autoridades brasileiras. A decisão que autorizou a ação foi colocada para votação dos demais ministros da Primeira Turma do STF.
"A Polícia Federal cumpriu, nesta sexta-feira (18/7), em Brasília, dois mandados de busca e apreensão, além de medidas cautelares diversas da prisão, em cumprimento a decisão do Supremo Tribunal Federal", disse a PF em nota sem aprofundar a explicação.
Entre as medidas cautelares impostas por Moraes estão o uso de tornozeleira eletrônica, recolhimento noturno das 19h às 7h e proibição do uso de redes sociais, de contato com embaixadores e diplomatas estrangeiros, aliados investigados e de se aproximar de embaixadas.
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A Polícia Federal citou, ainda, que os mandados fazem parte de uma ação aberta no STF no dia 11 de julho. O processo corre em sigilo, mas Moraes tornou pública, no meio da manhã, a decisão que autorizou a operação.
As primeiras informações da operação, ainda cedo, foram confirmadas à Gazeta do Povo pelo líder do PL na Câmara dos Deputados, Sóstenes Cavalcante (PL-RJ). Já o próprio Bolsonaro confirmou, pouco depois, as medidas cautelares impostas a ele e a apreensão, pela Polícia Federal, de US$ 14 mil e R$ 7 mil em espécie em sua residência.
Em uma nota à imprensa, o advogado Celso Vilardi, que defende Bolsonaro, diz que recebeu a imposição de medidas cautelares "com surpresa e indignação".
"A defesa do ex-Presidente Jair Bolsonaro recebeu com surpresa e indignação a imposição de medidas cautelares severas contra ele, que até o presente momento sempre cumpriu com todas as determinações do Poder Judiciário. A defesa irá se manifestar oportunamente, após conhecer a decisão judicial", afirmou.
Já o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, diz que recebeu com "estranheza e repúdio" a ação da Polícia Federal e que Bolsonaro "sempre esteve à disposição das autoridades".
"Se o presidente Bolsonaro sempre esteve à disposição das autoridades, o que justifica uma atitude dessa? O PL considera a medida determinada pelo Supremo Tribunal Federal desproporcional, sobretudo pela ausência de qualquer resistência ou negativa por parte do presidente Bolsonaro em colaborar com todos os órgãos de investigação", afirmou.
A operação realizada nesta sexta (18), apontou Moraes, foi a suposta articulação de Eduardo Bolsonaro com autoridades dos Estados Unidos para aplicar sanções ao Brasil. Entre elas, as que levaram à decisão de Donald Trump de impor um tarifaço de 50% aos produtos brasileiros exportados para lá. A determinação foi dada dois dias antes de Moraes atender a PGR e abrir o processo na Corte.
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Bolsonaro chegou a afirmar, nesta quinta (17), que estaria disposto a negociar com Trump se o governo lhe conceder um passaporte para discutir a taxação dos produtos brasileiros. Ele está com o documento retido pela Polícia Federal desde fevereiro de 2024.
Em uma nota nas redes sociais, Sóstenes Cavalcante criticou a operação e as medidas cautelares impostas ao ex-presidente, afirmando que "não há crime, não há condenação, não há prova".
"Só há um 'delírio': enfrentar o sistema. [...] Isso não é justiça. É censura. É a tentativa desesperada de calar quem ainda representa milhões. Enquanto corruptos são soltos, um ex-presidente é vigiado como bandido. Mas, quem tem a verdade como escudo, não teme a mentira de toga. A história está anotando tudo, e o povo também", disparou Sóstenes.
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Bolsonaro se defendeu das acusações atribuídas a ele pela suposta tentativa de golpe de Estado. O procurador-geral da República, Paulo Gonet, pediu ao STF a condenação do ex-presidente a mais de 40 anos de prisão.
“Eu não tenho que provar que sou inocente. Eles é que têm que provar que sou culpado. Tudo são suposições”, disse em uma entrevista coletiva no Senado na véspera.
O ex-presidente ainda afirmou que a ação penal em curso representa uma injustiça, tanto contra ele quanto contra os demais envolvidos. “É uma injustiça que estão fazendo comigo e com as pessoas que estão presas. Ninguém tentou dar um golpe", disse o ex-presidente. E disse também: "Eu estava nos Estados Unidos, não estava aqui. Não tem nenhum 'zap' meu, uma mensagem para ninguém sobre o 8 de janeiro”, reforçou."













