Bolsonaro intensifica presença em programas de TV após queda na popularidade

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A presença do presidente Jair Bolsonaro em programas de televisão ficou mais frequente nos últimos 30 dias. Coincidência ou não, as participações aumentaram após a aprovação do governo cair nas pesquisas de opinião. “Heavy user” das redes sociais, com direito a lives semanais, o presidente tem arranjado tempo para participar de programas populares e com grande alcance de público na TV. No último mês, por exemplo, esteve em três programas do SBT.

Na segunda-feira passada (4), Bolsonaro foi o convidado do quadro “Dois dedos de prosa”, no Programa do Ratinho. O presidente defendeu a reforma da Previdência, recordou a facada que sofreu no ano passado e surpreendeu a todos ao falar da possibilidade de trocar todas as cédulas de R$ 50 e R$ 100 em circulação. Um esforço a mais para resgatar a popularidade em queda.

Pesquisa XP/Ipespe, divulgada em 24 de maio, confirmou o que levantamentos anteriores já mostravam: o número de brasileiros que desaprovam o governo Bolsonaro aumentou. A pesquisa, divulgada às vésperas das manifestações pró-Bolsonaro, revelou que o governo é percebido como ruim ou péssimo por 36% dos entrevistados e ótimo ou bom, por 34%.

As pesquisas anteriores da XP/Ipespe mostram que os que consideravam o governo ruim ou péssimo eram de 20% em janeiro; 17% em fevereiro; 24% em março; 26 em abril; e 31% no início de maio.

Outras pesquisas verificaram o mesmo cenário. Levantamento do Ibope, por exemplo, registrou queda de 14 pontos percentuais na aprovação no primeiro quadrimestre. Passou de 49% em janeiro para 35% em abril.

Já na primeira semana do mês passado Bolsonaro começou a aparecer com mais frequência na televisão. Primeiro no Programa do Silvio Santos, no dia 5, seguido de entrevista ao programa Luciana By Night, de Luciana Gimenez, na RedeTV!, no dia 7.

O presidente fechou o mês no talk-show The Noite, de Danilo Gentili, também no SBT, no dia 30. Na conversa descontraída que teve com o humorista, Bolsonaro chegou a levantar a camisa para mostrar a cicatriz da facada.

Jogando para a torcida

Mesmo quando não participa de programas, Bolsonaro parece tentar colar sua imagem a outros personagens bem quistos pelos brasileiros, como Carlos Alberto de Nóbrega, o dono do banco no programa "A Praça é Nossa", do SBT, de grande apelo popular.

No dia 29 de maio, Bolsonaro compareceu à homenagem oferecida pela Câmara dos Deputados ao humorista. Foi a pé do Planalto ao Congresso para participar da sessão solene e posar para fotos ao lado de Carlos Alberto. Pegou a todos de surpresa – o evento não constava na sua agenda oficial.

Outro gesto emblemático veio na última quarta-feira (5) com uma declaração de apoio ao jogador Neymar, acusado de estupro por uma mulher. "Hoje devo estar no jogo do Brasil, espero dar um abraço no Neymar antes do jogo. Está em num momento difícil, mas acredito nele. Neymar, hoje à noite estamos juntos", disse o presidente, em Goiás.

Horas depois ele cumpriu a promessa e foi até o hospital onde o atacante da seleção brasileira estava (ele se machucou logo no início da partida contra o Catar) e fez a foto abaixo.

Comparativo da aprovação de Bolsonaro com outros presidentes

Pesquisa Datafolha, publicada no início de abril, mostrou que 32% dos entrevistados consideravam o governo ótimo ou bom, levando em conta o primeiro trimestre. Na comparação com outros inícios de mandatos presidenciais foi o pior desempenho: Fernando Collor foi considerado ótimo ou bom por 36%, Fernando Henrique Cardoso (39%), Luiz Inácio Lula da Silva (43%) e Dilma Rousseff (47%).

A pesquisa CNI/Ibope de 24 de abril também comparou a aprovação de Bolsonaro (35%) com a de outros presidentes nos primeiros meses de governo. O índice do presidente do PSL só foi melhor do que o de dois dos seis ex-presidentes desde 1990: Collor teve 45% de aprovação; Itamar Franco era aprovado por 34%; FHC por 41%; Lula por 51%; Dilma por 56% e Michel Temer por 14%.

A primeira entrevista exclusiva de Bolsonaro após a posse foi para o SBT, em que ele respondeu a perguntas sobre a reforma da Previdência, o caso Queiroz e a relação com os Estados Unidos. Depois vieram entrevistas para Record, Band, Jovem Pan, Veja e até para a youtuber mirim, Esther Castilho, de 8 anos, entre outras.

Os temas abordados, porém, não mudaram muito. A aprovação da reforma da previdência ainda é uma incógnita. Apesar de a tramitação na Câmara dos Deputados continuar, o próprio presidente admitiu, na conversa com Ratinho, que ainda não tem apoio suficiente para aprovar a PEC.