O comandante do Exército, general Tomás Paiva, reforçou seu compromisso em despolitizar os quartéis. Militares das Forças Armadas rejeitam a tese de politização das instituições, mas o discurso voltou a ser mencionado por Paiva em entrevista ao jornal O Globo publicada neste domingo (1º).
"Meu objetivo é afastar a política do Exército. Somos profissionais e temos que focar no nosso trabalho", declarou ao jornal. Em 28 de fevereiro, ele já havia manifestado o mesmo entendimento em documento com as diretrizes de sua gestão. Na ocasião, destacou seu intuito em fortalecer a imagem do Exército como "instituição de Estado, apolítica, apartidária, coesa, integrada à sociedade e em permanente estado de prontidão".
O comandante do Exército assumiu oficialmente o comando em fevereiro em meio as desconfianças do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) após os atos de vandalismo em Brasília. Apontado por integrantes do Palácio do Planalto como um nome mais alinhado ao governo petista, Paiva foi incumbido da missão de pacificar os quartéis e promover a "despolitização" dos militares.
Desde então, o comandante do Exército tem promovido uma série de mudanças no intuito de atender às demandas do governo Lula. Poucos dias antes de ser nomeado, Paiva defendeu que o resultado das urnas eletrônicas deveria ser respeitado e afirmou que militares não devem expor opiniões políticas.
"Vamos continuar garantindo a nossa democracia, porque a democracia pressupõe liberdade e garantias individuais e públicas. E é o regime do povo, da alternância de poder. É o voto. E, quando a gente vota, tem de respeitar o resultado da urna. Essa é a convicção que eu tenho, mesmo que a gente não goste do resultado – nem sempre é o que a gente queria. Mas essa é o papel da instituição de Estado, que respeita os valores da Pátria", declarou à época.