Decisão do STF mantém intactos os direitos políticos do ex-presidente Lula.
O pedido de suspeição feito pela defesa de Lula sustenta que os dois procuradores acionados teriam participado de um grupo no Telegram denominado “Chat Caças Zelotes – LJ” com integrantes da força-tarefa em Curitiba.| Foto: Sérgio Lima/ AFP

A defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva apresentou na noite de segunda-feira (3), à Justiça Federal de Brasília, um pedido de suspeição de dois procuradores que atuam no caso dos caças suecos - no qual o petista foi denunciado em 2016, no âmbito da Operação Zelotes, pelos supostos crimes de tráfico de influência, lavagem de dinheiro e organização criminosa. A peça de 46 páginas enviada ao juiz federal Vallisney de Souza Oliveira, da 10ª Vara Federal do Distrito Federal, tem como base os diálogos apreendidos na Operação Spoofing, que investigou o hackeamento de celulares de autoridades, entre elas o ex-juiz Sérgio Moro e os procuradores da força-tarefa da Lava Jato em Curitiba.

No pedido de suspeição, os advogados de Lula alegam que os procuradores Frederico de Carvalho Paiva e Herbert Reis Mesquita "atuaram com a Lava Jato para criar acusações". Além disso, alegam que os procuradores "articularam" com a força-tarefa em Curitiba um depoimento do ex-ministro Antônio Palocci (Fazenda/Governo Lula e Casa Civil/Governo Dilma) "com o objetivo de tentar dar sustentação a acusações construídas". Além de Lula, a acusação atinge o filho do petista Luís Cláudio e o casal de lobistas Mauro Marcondes e Cristina Mautoni. A Procuradoria atribui ao grupo suposto envolvimento em "negociações irregulares que levaram à compra de 36 caças do modelo Gripen pelo governo brasileiro e à prorrogação de incentivos fiscais destinados a montadoras de veículos por meio da Medida Provisória 627", durante o governo Dilma Rousseff.

Além disso, o pedido de suspeição sustenta que os dois procuradores acionados teriam participado de um grupo no Telegram denominado "Chat Caças Zelotes - LJ" com integrantes da força-tarefa em Curitiba e "decidiram levar adiante os atos de persecução, com o protocolo da peça - após revisão dos procuradores da Lava Jato". O documento também alega que após o encerramento da instrução do processo, os procuradores "decidiram recorrer uma vez mais à Lava Jato de Curitiba para viabilizar o depoimento de Palocci". O principal pedido feito pela defesa é o de reconhecimento da suspeição dos procuradores, com a consequente suspensão do tramite da ação penal contra Lula. Uma eventual decisão em tal sentido poderia implicar ainda na anulação da denúncia e de todos os atos processuais no processo.