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O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).| Foto: Alan Santos/PR.

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou, em depoimento à Polícia Federal, que conversou pessoalmente com o ex-chefe da Receita Federal Julio Cesar Vieira Gomes sobre as joias retidas no Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos. O kit, presente do governo da Arábia Saudita, foi avaliado em R$ 16,5 milhões. A informação foi divulgada pela TV Globo e pelo jornal O Globo.

Na oitiva, o ex-mandatário cita seu ex-ajudante de ordens, tenente-coronel Mauro Cid, que também prestou depoimento sobre o caso no último dia 5. As joias foram apreendidas pela Receita Federal na chegada da comitiva presidencial ao Brasil, pois não tinham sido declaradas.

"O declarante [Bolsonaro] solicitou ao ajudante de ordens, coronel Cid, que obtivesse informações a cerca de tais fatos; que o ajudante de ordens oficiou a Receita Federal para obter informações; que neste interim o declarante estabeleceu contato com o então chefe da Receita Federal, Julio, cujo sobrenome não se recorda, e salvo engano, determinou que estabelecesse contato direto com o ajudante de ordem; que as conversas foram pessoalmente, pelo o que se recorda", diz a transcrição do depoimento de Bolsonaro.

Além disso, Julio Cesar teria alertado o ex-presidente que o estojo com as joias poderia ir a leilão, caso não fosse recuperado. “Julio disse ao declarante [Bolsonaro] depois de uns dias, em novembro ou dezembro de 2022, que se, depois de 30 ou 90 dias, ninguém reclama o bem, este entra em processo de perdimento e que poderia ser leiloado”, diz trecho do depoimento.

Na segunda (10), a Receita Federal revogou a portaria publicada no Diário Oficial da União (DOU) que liberava a exoneração de Julio Cesar do cargo de auditor-fiscal, que é alvo de uma investigação preliminar sumária na corregedoria do órgão sobre o caso.

Bolsonaro disse à PF que só soube das joias apreendidas pela Receita Federal mais de um ano depois do ocorrido. Já em dezembro de 2022, ele teria mandado Cid verificar o que poderia ser feito com as joias para evitar um suposto vexame diplomático caso os presentes da Arábia Saudita fossem a leilão. Durante a oitiva, Bolsonaro também ressaltou que "não recebeu nenhum presente de forma direta enquanto presidente da República" e que os presentes eram entregues via ajudante de ordens ou pelo Itamaraty. Ele disse que não teve nenhum contato com as joias.