O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, deixa o cargo no dia 1.º de fevereiro. Oposição se mobiliza para que ele instale a CPI da Saúde como último ato do mandato.
O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, deixa o cargo no dia 1.º de fevereiro. Oposição se mobiliza para que ele instale a CPI da Saúde como último ato do mandato.| Foto: Maryanna Oliveira/Câmara dos Deputados

Às vésperas das eleições no Congresso, parlamentares dos partidos de esquerda tentam conseguir apoio suficiente para tirar do papel a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Saúde. O mutirão é para que o atual presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), possa autorizar a CPI na segunda-feira (1º), dia da disputa que vai escolher a nova cúpula do Congresso, como último ato de sua gestão.

Com o agravamento de crises, uma CPI sempre é vista por políticos como o primeiro passo para impulsionar processos de impeachment e é justamente essa a ideia de aliados de Maia. A corrida para abrir uma comissão a fim de investigar as falhas do governo na condução da pandemia do coronavírus foi reforçada diante da possibilidade reduzida de andamento das investigações caso os candidatos governistas sejam eleitos.

A abertura de uma CPI depende da assinatura de 171 deputados e de um despacho do presidente da Câmara reconhecendo o cumprimento de exigências regimentais. A oposição iniciou a coleta de apoios na tarde da de quarta-feira (27). Os partidos de esquerda reúnem 129 deputados. "Se conseguirmos as 171 assinaturas até domingo (31), a CPI será deferida na segunda", disse o líder da Minoria, José Guimarães (PT-CE).

Para o vice-líder do governo na Câmara, Evair Vieira (Progressistas-ES), as ameaças de aliados de Maia e do candidato apoiado por ele na eleição, Baleia Rossi (MDB-SP), soam como "vingança". "Seria muito triste saber que a Câmara teve como presidente alguém com esse sentimento de vingança, de raiva."