Ninguém reclama do preço do oxigênio, embora em alguns casos seja cobrado mais que o dobro do valor normal.
Ninguém reclama do preço do oxigênio, embora em alguns casos seja cobrado mais que o dobro do valor normal.| Foto: Divulgação/Ministério da Saúde

O avô da servidora pública Priscila Vasques Castro Dantas, o aposentado Francisco José Casal Castro, de 82 anos, está em casa por falta de vaga em hospitais no Amazonas, que viveram colapso na semana passada diante do agravamento da pandemia da Covid-19 e da falta de oxigênio e outros insumos. "Minha avó, infelizmente, piorou e foi entubada no hospital, mas vovô a gente se dividiu para comprar oxigênio, bipap e todo o equipamento necessário para montar quase uma UTI para ele", contou ela. Cuidado também em casa da covid-19, o empresário Ruberval Santana comprou um cilindro de oxigênio para seu tratamento. "Infelizmente a ineficiência dos hospitais públicos e privados nos leva a tomar atitudes assim", conta o bancário Jhones Santana, filho de Ruberval.

A corrida para a compra de oxigênio, para quem está sendo tratado em casa é uma batalha diária. Nos grupos de WhatsApp é avisado quando chegam novos carregamentos em empresas particulares e longas filas se formam. Ninguém reclama do preço do oxigênio, embora em alguns casos seja cobrado mais que o dobro do valor normal. "Um cilindro de 3 litros que custava R$ 1.000, está sendo vendido a R$ 4.000 aqui", diz o vendedor de uma empresa de oxigênio. "Tem gente que chega com vários familiares, vários cartões diferentes e dinheiro trocado, é de cortar o coração."

Na cidade de Itacoatiara (a 269 quilômetros de Manaus), segundo um médico do hospital José Mendes, há 87 pacientes internados e três entubados. "Revezamos os únicos cilindros durante a noite, mas perdemos seis pacientes. O oxigênio disponível só vai até o fim da tarde de hoje", afirmou.