Fachada da sede do MPF no Paraná, sede da Lava Jato
Procurador reforçou que os diálogos eram informais e não interferiam nos trabalhos da força-tarefa da Lava Jato.| Foto: Albari Rosa/Arquivo Gazeta do Povo

Ex-integrante da força-tarefa da Lava Jato de Curitiba, o procurador Orlando Martello fez um desabafo aos colegas sobre o teor das conversas mantidas entre a os integrantes da operação no aplicativo Telegram e que foram vazadas por hackers. Em mensagem enviada por e-mail, Martello garante que o espaço usado para a troca de mensagens era um ambiente livre e de descontração entre os procuradores, comparando o grupo no aplicativo a um “ambiente de botequim” e que, por isso, não deveria ser levado a sério, enfatizando que os diálogos eram informais e não interferiam na atuação dos procuradores frente aos trabalhos da Lava Jato: “sempre prevaleceu a razão”, enfatizou. A mensagem foi revelada pelo jornal O Globo.

Martello diz ainda não se lembrar da maioria das mensagens, reforçando mais uma vez o tom informal das conversas. “Sinceramente, não me recordo da grande maioria das mensagens... e digo isso com sinceridade mesmo! Foram tantas mensagens, muitas em finais de semana, em dias festivos, de madrugada. Fizemos várias intervenções em plantão de recesso, uma prisão no dia 31, um pouco antes da virada do ano. Certamente os diálogos da época podem estar permeados com sons de brindes de espumante e cardápio da ceia. Mas não estou aqui para negar as mensagens, mas para dar satisfação!", escreveu.

“Quanto ao grupo de Telegram, creio que todos têm noção do que ocorre. Era uma área livre, uma área de descarrego, em que expressávamos emoção, indignação, protesto, brincadeiras..., muitas infantis sim. Sem dúvida, podemos ter extrapolado muitas vezes. Eram (ou são) os nossos ‘nudes’, uma área em que os pensamentos são externados livremente e sem censura entre amigos, alguns de mais de décadas. Expostos a terceiros, causa vergonha!", lamentou.  "Não bastasse, na exposição dessas mensagens, a questão se agrava quando a reportagem suprime um "kkk" da linha imediatamente abaixo do texto ou ignora o “kkk” tardio, que veio mais à frente, atropelado pela enxurrada de mensagens que se seguiram. Também a inobservância do contexto é suficiente para alterar todo o sentido da mensagem", lamentou.