O novo comandante-geral da Polícia Militar de São Paulo, coronel Ronaldo Miguel Vieira, afirmou nesta terça-feira (3), em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo, que não irá permitir manifestações políticas de policiais da ativa dentro da corporação e que usará as normas da instituição, aprovadas no ano passado, para coibir qualquer tipo de exibição nesse sentido. Caso contrário os policiais poderão ser punidos na esfera cível, penal e administrativa.
“A Polícia Militar é uma polícia de Estado. Estamos em um Estado democrático de Direito, nós temos que respeitar a opinião de todas as pessoas e as preferências políticas. Só que política é fora de quartel. Ponto”, declarou Vieira. “Eu, Ronaldo, posso até ter uma opinião, mas como policial militar, comandante-geral, eu não tenho opinião. Eu sou policial militar”, afirmou.
Vieira foi indicado para o comando da PM paulista pelo governador Rodrigo Garcia (PSDB). A troca foi anunciada na última semana, após dois anos de atuação do até então comandante geral, coronel Fernando Alencar Medeiros, que assumiu o cargo em março de 2020. No ano passado, policiais militares de São Paulo se manifestaram em defesa do governo federal em diversos atos públicos, o que acabou gerando uma crise entre o então governador João Doria (PSDB) e a cúpula da Polícia Militar do Estado. Na ocasião, o coronel da ativa Aleksander Lacerda foi afastado de suas funções na Polícia Militar do Estado de São Paulo (PMESP) por suas manifestações em apoio ao ato pró-Bolsonaro realizado no dia 7 de setembro em São Paulo e com críticas ao governador paulista e ao STF.
De acordo com informações do governo de São Paulo, Miguel Vieira ingressou na Instituição em 1989 e foi promovido a coronel em 2019. Ele atuou em tropas especiais e operacionais e já recebeu 16 medalhas e condecorações pelo desempenho em cada função que assumiu na segurança pública paulista. Ao longo de sua trajetória na PM, o oficial já esteve à frente dos comandos de Policiamento de Área Metropolitano-1, Casa Militar, Regimento de Polícia Montada 9 de Julho e de cinco batalhões. Chefiou a Divisão Operacional do Comando de Policiamento de Choque e atuou como comandante de Companhia Territorial e do Policiamento de Área.