“As afirmações de Do Val expuseram, pela primeira vez, como são feitos, nos bastidores, os acordos em torno da divisão do orçamento secreto”, diz Alessandro Vieira.
“As afirmações de Do Val expuseram, pela primeira vez, como são feitos, nos bastidores, os acordos em torno da divisão do orçamento secreto”, diz Alessandro Vieira.| Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado

O senador Alessandro Vieira (PSDB-SE) protocolou na segunda-feira (11) uma notícia-crime no Supremo Tribunal Federal (STF) contra o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e o ex-presidente da Casa e senador Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), pela prática de corrupção ativa. A ação envolve ainda o senador Marcos do Val (Podemos-ES), por corrupção passiva. Vieira também protocolou no Conselho de Ética do Senado uma representação contra os três parlamentares por quebra de decoro parlamentar.

A motivação foram as recentes declarações do senador Marcos do Val, que durante entrevista ao jornal O Estado de S.Paulo afirmou que recebeu R$ 50 milhões em emendas do chamado orçamento secreto por ter apoiado a campanha de Rodrigo Pacheco à Presidência do Senado, em fevereiro de 2021. Relator da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2023, aprovada nesta terça-feira (12) pelo Congresso, Do Val afirmou na publicação que foi informado sobre a verba por Davi Alcolumbre, articulador da campanha de Pacheco ao comando do Senado, após o resultado da disputa. Segundo Do Val, os recursos seriam uma forma de "gratidão" pelo apoio. “As afirmações de Do Val expuseram, pela primeira vez, como são feitos, nos bastidores, os acordos em torno da divisão do orçamento secreto”, diz Vieira em comunicado. Após a repercussão negativa das declarações, o senador Do Val afirmou que foi mal interpretado durante a entrevista.

A pré-candidata à presidência Simone Tebet (MDB) também se manifestou na última semana sobre o assunto, classificando o caso como “a versão 2.2 do mensalão” e destacou que as afirmações comprovam o fato que já era de seu conhecimento. “A declaração comprova o que já sabíamos, só não podíamos provar. O orçamento secreto comprou a eleição para a presidência do Senado. Perdi a eleição para o orçamento secreto. Eis a versão 2.2 do mensalão”, afirmou.