O presidente Jair Bolsonaro (PL) durante uma motociata.
O presidente Jair Bolsonaro (PL) durante uma motociata.| Foto: Alan Santos/PR.

Uma auditoria sigilosa realizada pelo Tribunal de Contas da União (TCU) nos cartões corporativos usados pelo governo Bolsonaro apontou gastos de mais de R$ 21 milhões. Os valores analisados envolvem gastos no cartão corporativo do presidente Jair Bolsonaro (PL), da primeira-dama Michelle Bolsonaro e do entorno mais próximo dos dois. As informações foram reveladas pela revista Veja.

Após uma determinação de Bolsonaro, esse tipo de dado passou a ser considerado confidencial. Segundo a revista, as informações estão armazenados em planilhas sem conexão com a internet sob a responsabilidade da Secretaria-Geral da Presidência.

As despesas com viagens do presidente, do vice-presidente, Hamilton Mourão (Republicanos), e de suas comitivas somam R$ 16,5 milhões em pagamentos de hospedagem, fornecimento de alimentação e apoio operacional, mostrou a auditoria do TCU. O valor também abrange gastos legais de familiares de Bolsonaro e Mourão que eventualmente viajam com eles.

Além dos custos com viagens, a auditoria também revela “caronas” em aviões oficiais do governo sem relação com as atividades oficiais. Entre os que pegaram “caronas” nos voos estão os deputados Helio Lopes (PL-RJ) e Marco Feliciano (PL-SP), e o então ministro da Advocacia-Geral da União, André Mendonça, e seu filho.

O documento diz que “a utilização da aeronave presidencial para transportar, em viagens de agenda privada, pessoas que não são seus familiares diretos, bem como pagamento de despesa de hospedagem de pessoas que não são autoridades ou dignitários, sinalizam aproveitamento da estrutura administrativa em benefício próprio”. O TCU considera que “tais situações afrontam os princípios da supremacia do interesse público, moralidade e legalidade”.

Entre janeiro de 2019 e março de 2021, o gasto total com alimentação para as residências oficiais de Bolsonaro e Mourão somaram aproximadamente R$ 2,6 milhões, o que representa um gasto médio de R$ 96,3 mil mensais. Em seus dois últimos anos de mandato, o ex-presidente Michel Temer (MDB), por exemplo, gastou cerca de R$ 97 mil mensais exclusivamente com alimentação. Já as despesas com combustível do governo Bolsonaro chegaram a R$ 420,5 mil, 170% a mais do que Temer.

Durante 95 dias durante 2021, os servidores do TCU analisaram os arquivos dos recursos de suprimento de fundos, dinheiro destinado a custear despesas de caráter secreto pagas com cartões vinculados à Secretaria de Administração do governo, dois deles permanentemente vinculados a Bolsonaro.