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Débora Rodrigues dos Santos, a cabeleireira mais conhecida hoje no Brasil, não ganhou notoriedade por seus cortes de cabelo, mas por um ato de vandalismo incomum: escrever "perdeu, mané" com batom na estátua da Justiça, em frente ao STF.
A caminho de ser condenada a 14 anos de prisão pelo STF, Débora coloca o país diante de uma pergunta fundamental sobre a resposta do Estado às críticas e ataques: está havendo proporcionalidade e justiça no tratamento de cidadãos comuns diante do poder instituído?
O drama vivido por Débora, que provoca as mais diversas reações em todos os rincões do país, é o assunto do programa Última Análise, no canal do YouTube da Gazeta do Povo, nesta quarta-feira (2). Participam do debate Deltan Dallagnol, Francisco Escorsim, Renan Ramalho e Daniel Vargas. A proposta do Última Análise é ir além da superfície da notícia e das primeiras impressões diante dos fatos, buscando uma reflexão inteligente, livre de amarras ideológicas, clichês ou preconceitos.
Cabeleireira Débora Rodrigues x Estado plenipotenciário
Débora foi mantida em prisão preventiva por dois anos. Seu julgamento foi interrompido quando o placar já estava em 2 a zero para condenação a 14 anos. Outro ponto que o caso de Débora suscita, no debate nacional, está nos limites da lei e na percepção de inferioridade do cidadão comum frente ao Estado.
Um ação como a de Débora justifica uma punição tão severa? Para muitos, há uma clara sensação de injustiça, levantando dúvidas se o STF, especialmente o ministro Alexandre de Moraes, não teria "esticado demais a corda", cometendo possível abuso de autoridade ao justificar a prisão preventiva pela "periculosidade social" de uma cabeleireira. Em um cenário de polarização política, onde até mesmo grupos de advogados de esquerda como o Prerrogativas demonstram preocupação com a situação de presos nos eventos de 8 de janeiro, o caso de Débora nos convida a refletir sobre a linha tênue entre a aplicação da lei e o excesso de poder.
Em sua linha editorial, a Gazeta do Povo tem apontado a flagrante injustiça no caso de Débora e a inépcia jurídica das autoridades. Mas há outros que defendem a manutenção de punições severas, clamando por "sem anistia" em nome da defesa da democracia. Até onde a conveniência política conseguirá se sobrepor aos critérios de certo e errado?