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Bolsonaro PL
Ministro do Turismo, Gilson Machado, foi condecorado com a Ordem do Rio Branco por Bolsonaro: ele vai assumir o diretório do PL em Pernambuco| Foto: Alan Santos/PR

A chegada do presidente Jair Bolsonaro e de seus aliados no PL iniciou um movimento de entra e sai no partido comandado pelo ex-deputado Valdemar Costa Neto. A reacomodação já era esperada e visa preparar o terreno para o projeto de reeleição do presidente no ano que vem. Parlamentares insatisfeitos com a vinda de Bolsonaro começam a se desligar da legenda e aliados do governo passam a ocupar o comando de diretórios estaduais do PL.

Quem puxa a fila é o vice-presidente da Câmara, deputado Marcelo Ramos (AM), que confirmou a saída do partido nesta semana. “Sempre deixei claro minha incompatibilidade de ser do mesmo partido que o presidente Bolsonaro. Considero que ele não é o melhor para o futuro do país”, afirmou.

A saída de Ramos já vinha sendo acertada com o presidente do PL desde o início das tratativas para a filiação de Bolsonaro. De acordo com o deputado, "foi um divórcio amigável". “O presidente Valdemar, de uma forma muito fraterna, e cumprindo o que nós vínhamos dialogando há algum tempo e cumprindo a tradição de fazer política dele, hoje assinou a carta que autoriza a minha saída do PL”, completou.

Outra mudança no PL foi a troca do marqueteiro e assessor Vladimir Porfírio, que estava no partido há quase 30 anos. Porfírio mantém uma página nas redes sociais onde já realizou diversas críticas ao governo Bolsonaro. Em uma das publicações, ele afirma que foi o “mau exemplo de Jair Bolsonaro que politizou a chegada do coronavírus” e aprofundou a “enfermidade institucional do governo".

Durante as investigações da CPI da Covid, Porfírio chegou a dizer que o ex-assessor de Bolsonaro Fabrício Queiroz e o suposto esquema de "rachadinhas" no gabinete do ex-deputado Flávio Bolsonaro, atual senador, deixaria de ser sua maior fonte de dor de cabeça por causa do avanço das descobertas da comissão sobre a má gestão do governo federal na pandemia da Covid-19.

Opositores abrem espaço para entrada de aliados nos diretórios estaduais 

Além destas baixas, outros nomes descontentes com a chegada de Bolsonaro ao PL começam a deixar os comandos de diretórios estaduais. Com isso, aliados do governo devem ganhar espaço para construção de candidaturas para 2022.

Em Alagoas, o presidente estadual do PL, Maurício Quintella, anunciou que não permanecerá na legenda. Ele é secretário de Infraestrutura do estado, que tem como governador Renan Filho (MDB), filho do senador Renan Calheiros (MDB-AL), que foi relator da CPI da Covid. Com a saída, o deputado federal Sérgio Toledo (PL-AL) deve assumir o comando do diretório.

Outra baixa deve ser no diretório do Piauí, onde o partido integra a base do governador Wellington Dias (PT). Com isso, o deputado federal Capitão Fábio Abreu deverá sair para abrir espaço a um nome indicado pelo presidente Jair Bolsonaro. Integrantes do PL, contudo, admitem que essa escolha ainda não foi acertada.

Já em Pernambuco, onde o partido apoia o governo de Paulo Câmara (PSB), o prefeito de Jaboatão dos Guararapes, Anderson Ferreira, deve deixar o comando do diretório para que o ministro do Turismo, Gilson Machado, assuma. Além disso, o deputado Fernando Rodolfo também sinalizou que pretende deixar o partido na próxima janela partidária.

"Todos os quadros apresentados pelo presidente Bolsonaro serão avaliados e terá o apoiamento do nosso partido. Agora nós vamos começar a fazer a avaliação e construir um projeto nacional”, afirma o senador Jorginho Mello (SC), um dos articuladores da filiação de Bolsonaro ao PL.

Marinho assume comando do PL no RN para neutralizar Fábio Faria 

Filiado ao PL na mesma cerimônia que o presidente Bolsonaro, o ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho, assumiu o comando do diretório estadual do Rio Grande do Norte. Na região, a sigla vinha sendo comandada pelo deputado João Maia, que na articulação abriu espaço para Marinho pavimentar sua candidatura ao Senado no mesmo palanque que Bolsonaro.

Nos bastidores, integrantes do PL admitem que a estratégia de Marinho visa tentar neutralizar a candidatura do ministro das Comunicações, Fábio Faria, que também pleiteia a vaga ao Senado. De saída do PSD, Faria pretende se filiar ao PP, que irá integrar a coligação de Bolsonaro em 2022.

Como Faria é deputado federal licenciado, o ministro só poderá concretizar sua saída do PSD na janela partidária, que será aberta em abril do ano que vem. Antes disso, Faria poderia incorrer em infidelidade partidária, o que poderia acarretar na perda do mandato.

Com o comando do diretório do PL, Marinho pretende costurar acordos e alianças com lideranças do estado, numa tentativa de neutralizar a candidatura do ministro das Comunicações. Diante do impasse, Bolsonaro sinalizou que ambos os ministros terão que entrar em um acordo para a disputa.

“Temos aqui o Rogério Marinho, que com toda a certeza vai chegar a bons termos sobre o Rio Grande do Norte com Fábio Faria. Não vamos ter problema. Não podemos ter dois Romários [ex-jogador e senador pelo Rio de Janeiro] no Rio Grande do Norte. Só um estava resolvido, dois fica difícil”, disse Bolsonaro na cerimônia de filiação.

Rompido com Caiado, Bolsonaro quer aliado candidato ao governo de Goiás 

Outra mudança também deve ocorrer no diretório do estado de Goiás, onde até então integrantes do PL articulavam apoiar à reeleição do governador Ronaldo Caiado (DEM). Agora, Bolsonaro sinaliza que pretende lançar o deputado Major Vitor (PSL) como candidato ao governo estadual.

Caiado tem uma relação marcada por idas e vindas com o Palácio do Planalto, mas seu partido está em processo de fusão com o PSL para criação do União Brasil. O futuro partido vem se aproximando do ex-ministro Sergio Moro (Podemos), o que pode inviabilizar qualquer recomposição do governador goiano com o partido de Bolsonaro.

“Em Goiás, quem quer vir candidato a governador é o Vitor Hugo. Não basta você conhecer, tem que saber como ele está em Goiás. Ele é um cara competente, é inteligente, é trabalhador, entende do assunto, se empenha, busca soluções”, disse Bolsonaro em conversa com apoiadores no Palácio da Alvorada, em Brasília.

Caso a candidatura não se viabilize, uma alternativa é lançar Vitor Hugo para a disputa pelo Senado. Além dos governos estaduais, o reforço da bancada de senadores é uma das prioridades de Bolsonaro para 2022.

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