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O general Tomás Miguel Paiva, comandante do Exército, cobrou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) por mais investimentos em defesa e reforçou a atuação imparcial da tropa em meio às investigações que levaram à denúncia de militares de alta patente por suposta participação na tentativa de golpe de Estado.
A cobrança foi feita durante a cerimônia de comemoração do Dia do Exército nesta quarta (16) no Quartel General da Força em Brasília. O presidente Lula, que acompanhou o evento, não discursou.
“Os investimentos em defesa vêm crescendo exponencialmente em todas as regiões do globo, uma realidade que sugere ao nosso país atenção redobrada em relação à proteção dos brasileiros e dos ativos consagrados pela Constituição. A defesa nacional precisa estar preparada para enfrentar ameaças híbridas, difusas e multidimensionais, que não se manifestam claramente como os conflitos convencionais do passado”, disse o general no discurso.
Lula estava acompanhado dos ministros José Múcio Monteiro (Defesa) e Mauro Vieira (Relações Internacionais); o senador Davi Alcolumbre (União-AP), que preside o Senado e o Congresso, entre outros políticos.
Ele ainda elencou alguns dos armamentos adquiridos recentemente como parte do processo de renovação dos equipamentos através da indústria nacional. No entanto, não comentou quais mais deveriam ser incorporados e nem cortes no orçamento pelo governo.
A cobrança ocorreu em um momento que outros países do mundo estão aumentando seus gastos com defesa, como na União Europeia que passou a ver com ressalvas a parceria militar com os Estados Unidos após o início do governo de Donald Trump.
“A Diplomacia ativa e as Forças Armadas robustas, representando as instituições de Estado, devem caminhar lado a lado para garantir a nossa independência, promover a igualdade soberana entre as nações e contribuir para a solução pacífica dos conflitos internacionais”, pontuou o general.
Ainda durante o discurso aos militares, Paiva ressaltou a atuação imparcial das tropas no cumprimento ao papel Constitucional de Força de Estado, descolando a instituição como um todo dos militares denunciados ao Supremo Tribunal Federal (STF) por supostamente terem tramado um golpe de Estado que culminou com os atos de 8 de janeiro de 2023.
Entre eles estão os generais Augusto Heleno, Paulo Sérgio Nogueira e Walter Braga Netto, que ocuparam ministérios do governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), também denunciado.
“Reafirmamos nosso compromisso com os valores que nos guiam: a disciplina, o patriotismo, a hierarquia e, principalmente, o espírito de servir. Nossa fortaleza, como Instituição de Estado integralmente devotada à missão constitucional, decorre da imparcialidade e do profissionalismo que sempre devem caracterizar nossas ações”, ressaltou.
Tomás Miguel Paiva destacou também, durante a fala, algumas das atuações do Exército ao longo do ano passado, como o “combate às ameaças transnacionais nas fronteiras”, o amparo aos povos indígenas e situação de vulnerabilidade e os atingidos por desastres naturais como enchentes e incêndios florestais.