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A CPI das ONGs ouviu o conselheiro da área de prestação ambiental “Triunfo do Xingu”, no Pará, Marcelo Norkey Duarte Pereira (à direita).
A CPI das ONGs ouviu o conselheiro da área de prestação ambiental “Triunfo do Xingu”, no Pará, Marcelo Norkey Duarte Pereira (à direita).| Foto: Roque de Sá/Agência Senado.

A CPI das ONGs ouviu nesta terça-feira (4) o conselheiro da área de prestação ambiental "Triunfo do Xingu", no Pará, Marcelo Norkey Duarte Pereira. Durante a sessão, ele comparou a política ambiental das organizações investigadas pelo colegiado a uma “câmara de gás verde”.

Pereira mostrou um vídeo de pessoas que moram na comunidade Estação Ecológica da Terra do Meio, na região Amazônica, cobrando mais escolas e saúde. "Essas são vítimas dessa política ambiental [das ONGs], ali é como se fosse uma câmara de gás verde. Essas pessoas foram arrebatadas por essa política ambiental, que a gente chama de política ambiental da caixa vazia", disse o conselheiro.

"Se manda recurso internacional e esse recurso não chega… Não consegue levar alimento, porque, infelizmente, o que nós da Amazônia vivemos e o satélite não vê, que só vê desmatamento, queimada, mas não vê nossa realidade", afirmou.

A CPI apura a utilização de recursos recebidos do exterior pelas ONGs a partir do ano de 2002 até 1º de janeiro de 2023. "A floresta é um fomentador da pobreza e da miséria. Essa é a realidade da terra do meio. O IDH é muito baixo no Amapá, por exemplo. E é um dos estados que mais tem floresta. Dizer que a bioeconomia vai trazer resultados socioeconômicos ambientais e sustentáveis, isso é utopia", disse Pereira.

O conselheiro evitou especificar o nome das ONGs aos parlamentares por medo de perseguição. “As ONGs têm emprego garantido. A gente não tem. Eles passaram a ser empregadores e se proliferam”, afirmou.

Já o cacique da aldeia Bragança, em Santarém, no Pará, Miguel dos Santos Correa, afirmou que enfrenta perseguições e processos por defender a emancipação das comunidades em relação às ONGs.

"Não reconhecemos parentes porque eles se venderam em troca de uma cesta básica. Se somos donos das florestas, por que temos que ser governados por outros. As ONGs chegaram na nossa região com um papo doce, criando um livreto aqui para ensinar como seria a nossa vida dentro da floresta, dizendo maravilhas para o povo, enquanto o plano de manejo sustentável que falavam era plano de manejo madeireiro", disse Correa.

A liderança indígena Luciene Kujãesage Kayabi também defendeu a independência do povo da região. "Nós queremos plantar, viver da nossa terra, do nosso suor. Eu gostaria muito de entender essa complexidade mental, atrasada, que fala que agroindígena é veneno, que fala que agroindígena não vai trazer vida. A agroindígena que planta que coloca na mesa de vocês o pão de cada dia, que sustenta cada um de nós, é o que trouxe vida da humanidade. Nós nunca mais paramos de nos alimentar de produtos que vem do agro", disse.

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