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O presidente Jair Bolsonaro concedeu entrevista ao jornalista Milton Neves, da Rádio Bandeirantes, neste domingo (12).
O presidente Jair Bolsonaro concedeu entrevista ao jornalista Milton Neves, da Rádio Bandeirantes, neste domingo (12).| Foto: Carolina Antunes/PR

Não foi só sobre o imposto de renda e a indicação de Sergio Moro ao Supremo Tribunal Federal (STF) que o presidente Jair Bolsonaro (PSL) falou durante a participação no programa Domingo Esportivo, da Rádio Bandeirantes, neste domingo (12).

Em entrevista ao jornalista Milton Neves, o presidente falou sobre diversos temas – das reformas administrativa e da Previdência até ao estímulo ao turismo com a consolidação da “Cancún brasileira”. Bolsonaro ainda disparou contra o prefeito de Nova York, Bill de Blasio, e também negou ser o responsável pela decadência do programa Mais Médicos.

Veja os principais temas abordados por Jair Bolsonaro.

“Cancún brasileira” é resposta a turismo vexatório

O presidente classificou o turismo brasileiro como "vexatório” e defendeu a revogação de uma área de proteção ambiental no Rio de Janeiro para estimular o turismo na região.  "O turismo nosso é vexatório, tendo em visto que somos os primeiros do mundo em belezas naturais", disse, questionado sobre o número de turistas que visitam o país por ano.

Bolsonaro creditou o baixo volume de turistas no Brasil à violência e a problemas de legislação ambiental. Em relação à questão da segurança, disse que muito pode melhorar com o projeto anticrime do ministro da Justiça Sergio Moro, mas que a tramitação está demorada no Congresso.

Já sobre a questão ambiental, voltou a comparar a baía de Angra dos Reis (RJ) a Cancún, no México, e disse que não se pode desenvolver o turismo na região porque "xiitas ambientalistas" a colocaram como estação ecológica, fazendo referência a Tamoios. Foi na estação ecológica de Tamoios que Bolsonaro sofreu uma multa por pesca, posteriormente anulada.

"As pessoas falam em Cancún [no México], que é uma maravilha. Aqui no Brasil temos a baía de Angra [dos Reis], uma região maravilhosa. No meu entender, a única diferença é que a água não é tão cristalina quanto Cancún. Mas é cristalina também, com temperatura amena, não tem onda e tem centena de ilhas, muitas delas com praias maravilhosas", disse Bolsonaro.

O presidente afirmou que, se depender só dele, pode editar um decreto para revogar essa estação ecológica, mas que depois a medida teria que passar pelo Congresso para a confirmação. "A questão da violência pode ser resolvida com medidas mais rígidas, como as propostas no pacote anticrime. Muita coisa tem que ser feita e passa pelo Congresso", resumiu.

Bolsonaro afirmou que pretende revogar o decreto do governo José Sarney que criou a área de proteção. "Nós queremos abrir aquela região para que a iniciativa privada desenvolva o turismo lá. O que precisaria fazer? A primeira é revogar o decreto que demarcou a estação ecológica. Isso não tem problema nenhum. Na hora certa, tendo o sinal verde dos ministérios do Meio Ambiente e do Turismo, vamos fazer isso aí", disse o presidente.

Ele disse ainda que o mesmo pode ser feito com a estação ecológica da Jureia, no litoral de São Paulo.  De acordo com o presidente, a ampliação dessa área de proteção prejudicou a pesca na região. "Queremos preservar o meio ambiente, mas se qualquer país do mundo tivesse as maravilhas que nós temos, esse pessoal estaria faturando bilhões de reais com turismo. Mas nós não podemos", disse.

Laranjal do PSL e o ministro do Turismo

O presidente também comentou a situação do ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, que é acusado de integrar um esquema de laranjas em Minas Gerais. Bolsonaro disse que, se houver algo mais "robusto" contra ele, tomará as devidas providências, mas que não pode agir só com acusações, porque, senão, teria que demitir todos.

Ele elogiou o trabalho do ministro. O presidente lembrou que Álvaro Antônio sugeriu o fim da reciprocidade em pedidos de visto de países como Estados Unidos, do Canadá, da Austrália e de outros países ricos entrem no Brasil sem visto.

Prefeito de NY é paspalhão

O presidente Jair Bolsonaro reagiu às declarações do prefeito de Nova York, Bill de Blasio, do Partido Democrata, que voltou a atacá-lo nas redes sociais. O presidente explicou porque não pode ir a Nova York, onde seria homenageado como "Pessoa do Ano" pela Câmara de Comércio Brasil-Estados Unidos. "Eu não posso ir para um evento desses [em Nova York], que teria gente infiltrada para fazer balbúrdia. Eu poderia levar uma ovada na cara e essa seria a imagem que ia levar para o mundo todo", justificou. "Fica complicado com um prefeito trabalhando contra mim”, finalizou.

Para Bolsonaro, Blasio é um "bobalhão", "paspalhão" e "fanfarrão". "Se tivesse PSOL lá, o partido adequado dele seria o PSOL", afirmou. O presidente acusou o prefeito de Nova York de "ir para cima" da comissão do prêmio e do hotel que sediaria o evento. "Ele (Blasio) se organizou abertamente para o pessoal jogar ovo, jogar estrume", disse. "Não é esse o comportamento de um prefeito, ele quer disputar as prévias do Partido Democrata para disputar contra o Trump, mas ele é um fanfarrão e não vai conseguir nada", disse.

O presidente afirmou ainda que a organização do evento "não fez nada para acalmar a situação". "A imagem para o mundo é que eu estaria sendo pessimamente recebido nos Estados Unidos, mas fui muito bem recebido pelo Trump", comparou. O presidente receberá a homenagem no Texas.

Reforma administrativa sai e Coaf não é problema

O presidente Jair Bolsonaro disse acreditar que o Congresso não vai deixar caducar a Medida Provisória da Reforma Administrativa (MP 870/2019), que trata da reorganização dos ministérios. "Ter mais sete ministérios aqui ninguém aguenta", disse. A MP - que diminui o número de ministérios de 29 para 22 - caduca em 3 de junho e, se não for aprovada até lá, todas as fusões de pastas feitas até agora serão desmanchadas.

Mas o presidente admitiu, contudo, que há a possibilidade de recriação de dois ministérios, o das Cidades e da Integração Nacional, que, com a MP, foram colocados juntos na pasta de Desenvolvimento Regional.

Sobre o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), que foi retirado do Ministério da Justiça e enviado novamente ao Ministério da Economia na comissão mista que analisou a MP, o presidente disse que, na votação no plenário, o Coaf "tem tudo para voltar para as mãos de Moro". "Sugerimos que o Coaf ficasse com Moro para que ele tenha mais facilidade em trabalhar com a lavagem de dinheiro."

Bolsonaro sugeriu que não haverá grandes problemas se o Coaf voltar para Economia, já que o ministro Paulo Guedes e Moro poderão trocar informações. "O que não pode é vazar informações do Coaf. No ano passado, vazou muita coisa ao arrepio da lei." No ano passado, um relatório do Coaf identificou movimentações financeiras atípicas do filho do presidente, o senador Flávio Bolsonaro (PSL/RJ).

Mais Médicos e o ditadorzão

Na entrevista, Bolsonaro negou que tenha sido responsável pelo fim do programa Mais Médicos. "Quem acabou com os Mais Médicos não fui eu. Eles resolveram bater em retirada. Antes de eu assumir, o ditadorzão de Cuba chamou a galera de volta", afirmou. Segundo o presidente, a única exigência agora é a realização do Revalida, exame nacional exigido por formados no exterior que queiram exercer a medicina no país, para que seja possível confirmar se os profissionais que ficaram no país são efetivamente médicos. "Temos aproximadamente dois mil médicos cubanos que não temos comprovação se são médicos ou não. Se não passar no Revalida, médico não vai ser."

Sindicatos que atrapalham o Brasil

Bolsonaro também se posicionou contrário ao desconto automático do imposto sindical no contracheque do trabalhador. O presidente afirmou que não quer a volta do desconto no holerite, porque os sindicatos são a "coisa que mais atrapalham o Brasil, pois a maioria legisla em causa própria". O capitão afirmou que pode haver o imposto sindical se o trabalhador optar pelo pagamento via boleto bancário, mas não com um desconto automático no contracheque.

Previdência e a ‘folga de caixa’

Para o presidente, com uma "boa reforma da Previdência", o governo terá "folga de caixa para atender a população". Bolsonaro acredita que os parlamentares apoiarão a reforma, que é um tipo de vacina. "Tem que dar a vacina no moleque, e a nova vacina no momento é a Nova Previdência". O presidente complementou afirmando que "não é fácil governar o Brasil e que, por isso, tem que ter equipe de ministros que converse contigo; são 24 pessoas [incluindo o vice-presidente Hamilton Mourão] para buscar soluções para o Brasil".

Bolsonaro também respondeu a declaração do deputado Paulo Pereira da Silva (SD-SP), o Paulinho, feita no Dia do Trabalho, em 1.º de maio, que defendeu que o 'Centrão' deveria "desidratar" a reforma da Previdência para evitar a reeleição dele. "Já que Paulinho falou isso, ele não está pensando no Brasil", disse.

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