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Se em relação ao período de regime militar vivido no Brasil, entre 1964 e 1985, as vítimas de perseguições e crimes conseguiram indenizações do Estado, hoje há pouca esperança no horizonte para indenizar pessoas que têm sido alvo de medidas ilegais, abusivas e antidemocráticas do Supremo Tribunal Federal (STF).
No programa Última Análise no canal do YouTube da Gazeta do Povo, o ex-procurador da República e chefe da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol, lembrou o caso do ex-deputado estadual paranaense Homero Marchese. O parlamentar teve seus perfis bloqueados em redes sociais por ordem de Moraes, em 2022, no inquérito das Fake News.
“Ele foi silenciado com base em erros do STF. Entrou com uma ação e conseguiu a condenação da União pelos atos ilegais abusivos de Alexandre de Moraes. O que Moraes fez? Ele avoca o caso para o STF, cassa a sentença que condenava a União e manda investigar o juiz. Quem vai ser o juiz corajoso que vai mandar a União e o STF indenizarem alguém? É mais fácil as vítimas indenizarem os abusadores no Brasil”, diz Dallagnol.
Abusos do STF: tudo em nome de defesa democrática
O jurista André Marsiglia, que também debateu no programa Última Análise intitulado “1964 e 2025, ditadura ontem e hoje”, alertou para o avanço lento e gradual das tiranias, travestidas de defesa da democracia. “Quando a ditadura foi instalada em 1964, a gente não tinha dimensão de aquilo era necessariamente algo nocivo. Muita gente comemorou, achou que aquilo era um movimento para conter o avanço comunista. Da mesma forma, hoje o STF vai avançando e as pessoas dizem que é para conter o avanço antidemocrático. Sempre tem alguém que acredita que está instalando uma ditadura em nome de um valor bom, um valor positivo. Ditadura nunca é bom, seja ela qual for”, sublinha.
Outro debatedor, o jornalista Paulo Polzonoff, lembrou que os militares não livraram o país do comunismo. “A gente vive uma realidade que mostra que isso não aconteceu”. Ao comentar a nostalgia de alguns em relação ao período militar, ele salienta: “Independentemente de 1964 ter sido melhor ou pior do que hoje, o fato é que vivemos hoje e temos que construir o Brasil democrático novamente”.
O programa Última Análise integra a nova grade jornalística audiovisual da Gazeta do Povo. O jornal busca expandir os pilares da liberdade de expressão, os princípios éticos e valores da família e da República. Com nova programação, a grade "ao vivo" da Gazeta passou a ter sete horas diárias. "Queremos levar a voz da Gazeta a um número cada vez maior de pessoas e isso só é possível graças ao apoio dos assinantes, que continuam tendo acesso a colunistas e conteúdos exclusivos em nosso site", sublinha a diretora do jornal, Ana Amélia Filizola.




