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Ao comentar sobre eventuais consequências do escândalo envolvendo a fraude bilionária no INSS, o líder do PDT na Câmara, deputado Mário Heringer (MG), disse que o seu partido poderá abrir mão de nova indicação para o Ministério da Previdência no caso de o presidente Lula (PT) demitir o ministro Carlos Lupi (PDT).
De acordo com o deputado, a postura da sigla contrária à manutenção do comando da pasta deverá ser mantida até mesmo no caso de Lupi pedir demissão.
O deputado também afirmou que o Ministério da Previdência só “traz ônus” e o PDT precisaria ocupar outras funções para apoiar “fielmente” o governo. Heringer disse ainda que o partido tem reivindicado um espaço maior no governo que lhe dê a possibilidade de implementar “políticas públicas”.
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“Na minha opinião, se Lupi for demitido, eu acho que ele [Lula] demite o partido. Acho que o partido não tem que colocar substituto de maneira alguma”, afirmou Heringer em entrevista ao Poder360, neste domingo (27).
“Advogo a posição que nenhum de nós volte para esse ministério, porque não há possibilidade de a gente fingir que o nosso companheiro não foi atingido [...] Não tem sentido a gente abraçar somente o ônus e não ter o bônus por apoiar o governo”, completou.
Deputado diz que Ministério de Lupi é patinho feio do governo
Para o deputado, o Ministério da Previdência virou “o patinho feio que todo mundo põe a culpa”, com o INSS sendo alvo de reclamações da população e do empresariado. “Ninguém quer ser pai do patinho feio”, complementou Heringer.
“É o Ministério que só dá problema, que todo mundo só sabe jogar a culpa nele sobre tudo, inclusive punindo os aposentados brasileiros com reformas de Previdência”, disse.
Na avaliação de Heringer, “todo mundo quer meter a mão” no Ministério da Previdência pelo volume do orçamento.
“Tem ladrões e tem negociantes. Isso é normal. Agora, os ladrões é que não podem prevalecer. E é isso que nós temos que fazer, investigar profundamente isso e ir ao cerne da questão: quem são os ladrões?”, questionou.
Líder do PDT no Senado diz que demissão de Lupi prejudicaria beneficiários da Previdência
O líder do Bloco Parlamentar Pelo Brasil no Senado, formado pelo PDT e PT, senador Weverton Rocha (PDT-MA), afirmou que uma eventual demissão de Carlos Lupi prejudicaria os beneficiários da Previdência.
“Qualquer movimento para demitir o ministro Carlos Lupi só pode atender a interesses diferentes dos beneficiários da Previdência, o que nós, do PDT, rechaçamos de forma veemente”, afirmou o parlamentar ao Poder360.
“Lupi não é investigado, tem atuado em sintonia com a Polícia Federal e a CGU e, desde 2024, vem implementando medidas para inibir o desconto em folha dos aposentados e pensionistas, inclusive coibindo os abusos que aconteciam com os consignados”, completou.
Escândalo no INSS
No último dia 23, a Polícia Federal (PF) deflagrou a Operação Sem Desconto e deu cumprimento a 211 mandados de busca e apreensão, além de ordens de sequestro de bens que somam mais de R$ 1 bilhão e seis mandados de prisão temporária em 14 unidades da federação, incluindo o Distrito Federal.
De acordo com a investigação, os descontos irregulares, sem a autorização de aposentados e pensionistas, teriam alcançado quase R$ 8 bilhões de 2016 a 2024. Quase 100% dos descontos, segundo a Controladoria-Geral da União (CGU), teriam sido feitos de forma irregular.
Entre de 2019 a 2024, segundo a investigação, foram desviados cerca de R$ 6,3 bilhões dos repasses do INSS a sindicatos. Desse total, R$ 4,1 bilhões, quase 64% do montante, teriam sido desviados em 2023 e 2024, os dois primeiros anos do governo Lula.
A investigação resultou na demissão do presidente nacional do INSS, Alessandro Stefanutto, e no afastamento de outros servidores por suspeitas de envolvimento no suposto esquema bilionário.
No dia 24 de abril, o ministro da Controladoria-Geral da União (CGU), Vinicius Marques de Carvalho, anunciou a suspensão de todos os descontos mensais automáticos feitos por entidades nos pagamentos de aposentados e pensionistas do INSS e assegurou que o governo pretende ressarcir todos as vítimas, mas não definiu um prazo para a devolução do dinheiro, que depende do andamento das investigações.
Lupi nega omissão, mas foi alertado sobre esquema fraudulento em 2023
O ministro da Previdência Social, Carlos Lupi, negou ter sido omisso em relação ao alerta recebido em junho de 2023 que apontava fraude nos pagamentos de pensão e aposentadoria do INSS.
Lupi disse ter certeza de que o caso tem "safadeza de muita gente", mas que o governo não foi omisso.
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