Ouça este conteúdo
O líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), disse que os 146 deputados da base do governo Lula que assinaram o requerimento de urgência do projeto que anistia os presos do 8 de janeiro, aderiram à petição por “medo” das redes sociais. A oposição protocolou o requerimento com 262 assinaturas.
“Isso não tem nada a ver com a base do governo. Isso tem a ver com uma gente que é escravo da rede social, que ouviu ‘assine, assine, assine’”, disse Wagner durante entrevista concedida ao jornal Valor Econômico, nesta terça-feira (15).
Questionado se a adesão dos deputados teria sido motivada pelo “medo”, Wagner confirmou e disse que a eventual aprovação da anistia na Câmara seria uma sinalização de que a “classe política pirou”.
“Porque esse pessoal [oposição] vive de meter medo nos outros. Eu tenho preocupação se a Câmara entender que é digno de anistia aquilo que foi feito no 8 de janeiro. Aí eu acho que a classe política pirou. Então, eu não acredito que passe o projeto da anistia”, afirmou.
Wagner diz que governo não pode cobrar lealdade dos deputados
Apesar da adesão dos 146 deputados ao requerimento de urgência do projeto de anistia, Wagner disse que o governo Lula não pode cobrar lealdade dos parlamentares.
“Nós vivemos em um presidencialismo de coalizão, você não tem partidos programáticos, coalizão com o protagonismo do Parlamento que cresceu via emendas. Então, não se trata da base do governo. Se trata de saber o seguinte: os deputados se movimentam em torno do quê? Eles se movimentam em torno do governo ou das emendas? Esse que é o problema. Quanto tem cada deputado? Eu digo o chão de fábrica. Porque alguns têm mais de R$ 80 milhões [ em emendas parlamentares]”, comentou o senador.
“Tivemos um período de quatro anos com ausência de política. E a política foi substituída por esse pragmatismo das emendas. Então, sair da zona de conforto é difícil. As pessoas chegam a verbalizar que isso é direito adquirido”, completou.
Governo quer a retirada de, pelo menos, 20 assinaturas do requerimento
O deputado federal Lindbergh Farias (PT-RJ), líder do PT na Câmara dos Deputados, afirmou que o governo vai trabalhar para que, pelo menos, 20 deputados de partidos da base retirem as assinaturas do projeto de lei que pretende conceder anistia aos envolvidos nos atos de 8 de janeiro de 2023.
A ministra de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, negou qualquer retaliação aos deputados da base aliada que assinaram o requerimento. Segundo a ministra, o governo vai apenas tentar convencê-los sobre "a gravidade da proposta e os seus efeitos prejudiciais para a democracia".
VEJA TAMBÉM: