Em uma entrevista na qual recebeu uma bênção de uma criança e chamou um de seus ministros de "vovô", o presidente Jair Bolsonaro (PSL) fez 'política para crianças' nesta segunda-feira (29).
Durante viagem a Riberão Preto (SP), onde participou da abertura da Agrishow, o presidente deu entrevista a Esther Castilho, uma menina de oito anos que tem um programa no YouTube e foi convidada por Bolsonaro para a sua posse no início do ano.
Na entrevista, Bolsonaro participou de um quadro chamado "toma lá, dá cá", de perguntas e respostas rápidas. O nome é o mesmo dado a negociações entre Executivo e Legislativo que envolvem a oferta de cargos e emendas em troca de votos. Ao ouvir o nome da atração, o presidente reagiu com ironia.
"Eu não sou chegado muito nisso, não", afirmou.
Na conversa, na qual orou de olhos fechados pela sua saúde, Bolsonaro fez uma crítica aos veículos de imprensa, ressaltando que os repórteres brasileiros não deveriam divulgar informações falsas.
"Quisera que os repórteres do Brasil tivessem a pureza na alma dessa menina e que a verdade fosse o produto final vendido por eles, não o fake news", disse.
Entrevista de Bolsonaro com Esther Castilho
Bolsonaro disse esperar conceder uma nova entrevista à menina em 2023, após a próxima eleição presidencial, mas não explicou se pretende disputar a reeleição. Ele ressaltou que tem uma filha da idade da entrevistadora e que sabe falar com crianças pequenas.
"Tenho uma filha da sua idade. Talvez seja por isso que você seja muito simpática à minha pessoa, porque eu sei trabalhar com pessoas da sua idade", afirmou.
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No final da entrevista, Bolsonaro chamou o ministro-chefe do GSI (Gabinete de Segurança Institucional), general Augusto Heleno, de "vovô". O militar, que estava presente no local da entrevista, tem 71 anos.
"Olha o vovô aqui. Ele é o Heleno, é o mais experiente de todos os ministros", disse. "Olha o cabelo branco dele. É o vovô", repetiu.
Críticas a Paulo Freire
Na conversa, sem citar o nome de Paulo Freire, ele disse que o patrono atual da educação "vai ser mudado". O título foi conferido em 2012, após a aprovação de um projeto de lei. Uma eventual alteração deve ser referendada pelo Congresso.
"Quem sabe nós temos uma patrona da educação, não mais um patrono muito chato. Não precisa falar quem é, que temos até o momento, que vai ser mudado. Estamos esperando alguém diferente", disse.
Desde a campanha eleitoral, Bolsonaro se posiciona contra a influência nas escolas públicas do método de alfabetização desenvolvido por Freire. No final de 2017, a Comissão de Direitos Humanos do Senado rejeitou pedido, apresentado por meio de ação popular, para revogar o título de patrono.
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