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Reunião da CPI da Covid com Ricardo Barros, em 12/07
Reunião da CPI da Covid com Ricardo Barros, em 12/07| Foto: Pedro França/Agência Senado

O líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR), afirmou à CPI da Covid do Senado que não tem envolvimento com a negociação firmada pelo Ministério da Saúde para a compra das vacinas Covaxin. Ele alegou que o deputado Luís Miranda (DEM-DF) "fez teatro" em torno de seu nome. Miranda disse à CPI, em depoimento prestado em junho, que o presidente Jair Bolsonaro falou a ele que um esquema de corrupção para privilegiar a compra da vacina Covaxin no Ministério da Saúde era "coisa do Ricardo Barros".

O depoimento de Barros, que ainda está em curso, está sendo marcado por tumultos, a ponto de a sessão ter sido suspensa por volta de 11h30 pelo presidente da CPI, Omar Aziz (PSD-AM). Os trabalhos só foram retomados cerca de 20 minutos depois. Os confrontos são entre parlamentares que fazem oposição ao governo Bolsonaro e os que são alinhados ao presidente da República, e também entre Barros e o comando da CPI. Aziz criticou o deputado por Barros ter sugerido que a CPI "cria versões" sobre os fatos mencionados na comissão. "A CPI não cria nenhuma versão. Se tem alguém que falou sobre o seu nome não fomos nós, e sim ele [Miranda]", disse Aziz.

O líder do governo havia, antes, contestado a CPI por não ter sido chamado a depor antes do recesso parlamentar. O vice-presidente da comissão, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), respondeu a Barros dizendo que é o colegiado que determina o agendamento dos depoimentos, não as testemunhas.

Os impasses se deram na primeira pergunta formulada pelo relator da comissão, Renan Calheiros (MDB-AL). O emedebista questionou Barros sobre a citação de Miranda, perguntando o porquê de seu nome ter sido mencionado pelo presidente da República. Barros alegou que Bolsonaro não havia afirmado sobre seu envolvimento em um esquema de corrupção, e sim questionado. Ele disse que isso havia sido ressaltado pelo próprio Miranda no depoimento à CPI e em outras entrevistas.

Barros também alegou à CPI que Miranda disse, em seu depoimento à Polícia Federal (PF) sobre o caso, que mostrou a Bolsonaro uma foto sua. Foi com base na imagem, segundo Barros, que o presidente questionou o deputado se o esquema de corrupção "era coisa do Ricardo Barros". O líder do governo definiu a situação como um "mal-entendido".

Aziz disse que o depoimento de Barros não seria necessário se Bolsonaro tivesse ido a público para dizer que a fala de Miranda não correspondia à verdade. Em resposta, o deputado afirmou que a fala recente de Bolsonaro, em que ele disse ter confiança em Barros e que não o removeria da liderança, teve o peso de um desmentido. Ele também disse que não cabia a Bolsonaro desmentir o que não chegou a dizer.

"Estou aqui por ser correto"

Antes das perguntas, Barros fez o habitual pronunciamento de 15 minutos que a CPI permite às testemunhas. Ele chamou a acusação de Miranda de "teatro" em torno de seu nome e atribuiu a citação de Bolsonaro ao caso que envolve a empresa Global. Este incidente ocorreu quando Barros foi ministro da Saúde, durante o governo do presidente Michel Temer (2016-2018) e envolve a compra, pelo poder público, de medicamentos que nunca foram entregues. "Eu respondo a um processo em que provarei a minha inocência", disse o parlamentar.

Barros também negou irregularidades na contratação, pelo Ministério da Saúde, da empresa VTCLog. A companhia foi contratada pela pasta para gerenciar a logística de medicamentos e entrou na mira da CPI da Covid após ter sido citada como parte de um esquema de pagamento de propinas a membros do Ministério. Barros declarou que o contrato entre a empresa e o Ministério foi firmado depois de ele deixar a pasta e que a iniciativa teve o aval do Tribunal de Contas da União (TCU). O deputado ainda definiu como perseguição a menção ao nome dele no caso: "parece que ocorreu algo como 'não tem nada, então vamos tentar envolver ele na VTCLog'".

"Estou aqui por ser correto", disse Barros. Ele falou aos parlamentares sobre a sua vida pública e destacou o fato de ter sido eleito a seis mandatos de deputado federal. "Ninguém é eleito se não estiver bem intencionado", afirmou. Em momento posterior, o senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE) questionou Barros sobre sua evolução patrimonial - foram R$ 4 milhões em um curto prazo de tempo, segundo o senador.

Homenagem

A CPI prestou uma homenagem ao ator Tarcísio Meira, que morreu nesta quinta. Após o senador Vieira comunicar o ocorrido, o senador Randolfe, que presidia o colegiado no momento, determinou a realização de um minuto de silêncio.

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