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Unidade da JBS em Santa Catarina: BNDES é dono de 21% do frigorífico, participação equivalente a quase R$ 9,3 bilhões.
Unidade da JBS em Santa Catarina: BNDES é dono de 21% do frigorífico, participação equivalente a quase R$ 9,3 bilhões.| Foto: Albari Rosa/Gazeta do Povo

Uma das missões do novo presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Gustavo Montezano, será dar sequência ao plano do governo federal de encerramento do BNDESPar. Trata-se do braço de participações do banco, que atua diretamente no mercado de capitais: é sócio de diversas empresas de capital aberto e fechado, tem participação em fundos de investimentos e é credor de debêntures. Isso significa que ações de empresas como Petrobras, Vale, JBS e Copel devem ser negociadas nos próximos meses.

O plano do governo de Jair Bolsonaro (PSL) é vender todas as participações do BNDESpar em empresas nos próximos quatro anos. Esse processo já começou: R$ 10,3 bilhões foram vendidos no primeiro trimestre do ano, o que gerou o lucro recorde de R$ 11,1 bilhões registrado no período. A carteira de investimentos do banco ainda tem R$ 120,4 bilhões, dos quais ele pode se desfazer em breve, como anunciou, em janeiro, o secretário especial de Desestatização e Desinvestimento do governo, Salim Mattar.

A grande maioria dos recursos do BNDESPar está em grandes empresas de capital aberto, aquelas com ações negociadas na Bolsa de Valores. A fatia do banco nessas companhias vale R$ 106,8 bilhões, de acordo com relatório trimestral datado de 31 de março.

Quase metade dessa carteira (44,3%) está em ações da Petrobras – são R$ 53,9 bilhões investidos na petrolífera. O banco tem, ainda, R$ 16,5 bilhões na Vale, R$ 9,3 bilhões na Eletrobras e R$ 9,2 bilhões na JBS.

Com esse valor empenhado, o BNDES detém, hoje 21,3% das ações da empresa alimentícia dos irmãos Wesley e Joesley Batista, delatores da Operação Lava Jato. O banco também tem participações relevantes na Marfrig Global Foods (33,7%), na AES Tietê Energia (28,3%) e na Copel (24%). Ao todo, o BNDESPar tem participação em 37 empresas de capital aberto, nos ramos de agronegócio, alimentos e bebidas, bens de consumo, bens de capital, energia elétrica, imobiliário, logística, mineração, papel e celulose, petróleo e gás, saneamento, saúde, siderurgia e metalurgia, telecomunicações e TI.

O BNDESPar tem ainda, R$ 3,97 bilhões investidos em 70 empresas de capital fechado; R$ 1,85 bilhão em fundos de investimentos; e é credor de R$ 7,8 bilhões de debêntures (títulos de dívida) de empresas como Vale, Gerdau e Odebrecht Energia.

Confira a lista das empresas da qual o BNDESPar é sócio:

CPI do BNDES

A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Câmara dos Deputados criada para investigar empréstimos do BNDES no exterior já reuniu, em três meses de funcionamento, informações que apontam para falhas do banco no financiamento de obras na Venezuela, em Cuba, em Moçambique e em outros países durante os governos do PT. A informação foi publicada pelo Estadão neste domingo (23).

Entre os principais pontos levantados até agora, de acordo com o Estadão, estão ausência de critérios para rebaixamento de risco antes de conceder o crédito e a falta de auditoria fora do País para fiscalizar a aplicação do dinheiro. Técnicos da CPI do BNDES suspeitam que, com o apoio de membros do primeiro escalão do governo federal, as empresas conseguiam a aprovação “sem entraves” de empréstimo.

O banco sempre negou ter falhado ao conceder os empréstimos, parte de estratégia das gestões dos ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff para incentivar a internacionalização de empresas brasileiras. Adversários, porém, apontam motivações políticas nas operações, que beneficiaram empreiteiras alvo da Lava Jato.

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