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Pessoas andando pelas ruas de comércio popular em São Paulo após a reabertura.
Pessoas andando pelas ruas de comércio popular em São Paulo após a reabertura.| Foto: Nelson Almeida / AFP

Vários estados brasileiros estão fazendo a reabertura gradual do comércio, mesmo com a pandemia do novo coronavírus avançado pelo país. O Brasil é o segundo em número de infectados e mortos, atrás apenas dos Estados Unidos. A cidade de São Paulo, primeiro epicentro da Covid-19, liberou nas últimas semanas a abertura do comércio não essencial. O plano da capital paulista está na fase dois (laranja) de reabertura gradual, desde a última quarta-feira (10).

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Os dados mais recentes divulgados pelo governo não são positivos, no entanto. Até esta terça-feira (16), apontavam que o estado tinha 11.132 mortes confirmadas pela doença e mais de 190 mil casos de infecção. Na capital, as Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) estavam com uma ocupação total de 77%.

Dias antes, no sábado, uma multidão ocupou as principais ruas de comércio do Brás, na região central de São Paulo capital. De acordo com a prefeitura, a fiscalização dos protocolos de reabertura deve ser feita por autotutela, ou seja, as próprias associações de classe têm de observar o cumprimento das normas.

O poder municipal vem fiscalizando apenas os estabelecimento que estão reabrindo de forma indevida e o comércio ambulante irregular, por meio das subprefeituras e da Polícia Militar. Alfredo Cotait, presidente da Associação Comercial de São Paulo, sugere que a prefeitura assuma a fiscalização. "Uma associação não tem como fiscalizar um milhão de comerciantes. Nosso papel é de orientar e pedir para seguir as regras. Estamos fazendo esses ajustes."

“Todo mundo está sujeito à contaminação, pegando ônibus ou até em casa muitas vezes. O que tem são orientações para as pessoas usarem máscara, na medida do possível evitar aglomeração e, chegando no local de trabalho, fazer uma higienização com álcool em gel, lavar as mãos, permanecer de máscara e tomar os mesmo cuidados quando volta para casa”, reforça Marcel Solimeo, economista chefe da ACSP.  Para ele, a tendência é de que o governo do estado uniformize as regras.

O estado de São Paulo está em quarentena desde 24 de março. Com o plano do governo, cada região do estado foi categorizada de acordo com dois critérios. Um deles é a capacidade do sistema de saúde, que inclui a taxa de ocupação de leitos de UTI e a quantidade de leitos disponíveis por 100 mil habitantes. O outro é a evolução da epidemia a nível local, ou seja, o número de casos, óbitos e internações.

As regiões que apresentam indicadores satisfatórios podem abrir gradualmente determinados setores da economia, desde que respeitem algumas restrições. Essa classificação é revista a cada sete dias e as regiões podem progredir de fase a cada duas semanas.

Atualmente, 90% das cidades estão entre as fases 1 (restrição total, somente com funcionamento de serviços essenciais) e 2 (reabertura com restrições).

A capital foi enquadrada na segunda fase plano, o que permitiu a reabertura de shoppings. Comércios de rua, atividades imobiliárias, concessionárias e escritórios também já puderam retomar o funcionamento, seguindo as determinações do governo e os protocolos apresentados por representantes das próprias categorias à prefeitura.

Florianópolis: fora da curva 

Florianópolis foi na contramão da maioria das capitais. Mesmo com o comércio aberto desde o dia 20 abril, a cidade conseguiu o feito de passar mais de 30 dias sem registrar mortes por Covid-19. Desde o início da pandemia, a cidade registrou perto de mil casos e 9 óbitos.

O governo catarinense liberou a abertura no início de abril, mas o prefeito da capital decidiu prolongar o fechamento. Santa Catarina registrou até terça-feira mais de 14 mil infectados e 212 mortes em decorrência da Covid-19, segundo a Secretaria de Saúde do estado.

“O nível do conscientização de todos tem sido bastante alto, especialmente dos empresários, comerciantes, dos seus times e colaboradores. E a população em geral tem sido bastante responsável em lidar com essa situação de pandemia. Claro que os números alcançados devem ser reportados como um grande resultado da população e das equipes de saúde”, diz Rodrigo Rossoni, presidente da Associação Empresarial de Florianópolis (ACIF).

Rossoni afirma que a associação tem facilitado o acesso a crédito, capacitação com conteúdos on-line e dado suporte para que os comerciantes atendam aos novos protocolos de segurança. Ele ressalta que essa adaptação foi “bastante desafiadora”.

O transporte coletivo deve voltar na cidade nesta quarta (17), uma semana depois do governo liberar no estado. “O comércio ainda está com o movimento muito abaixo do que era antes da pandemia. A retomada em si não significa que o comércio em geral, serviços que atendem o público, estejam operando no mesmo ritmo que antes. Longe disso”, aponta.

Ele espera que não seja necessário voltar atrás com a liberação e que não haja um aumento no número de casos: “Respeitamos a questão da Covid-19. Evidentemente todo mundo tem que estar consciente que é de verdade, que está presente e precisam ser tomadas medidas”.

O presidente da ACIF afirma que a preocupação é manter o planejamento, organização e orientar os comerciantes. Segundo ele, a cidade tem mais de 48 mil desempregados.

Países que estão reabrindo enfrentam o medo da segunda onda de contaminação 

Dezenas de estados americanos experimentaram aumentos nos números da Covid-19, incluindo Texas, Califórnia e Flórida, o que aumentou temores de uma segunda onda de contaminações e acabou afetando negativamente mercados financeiros de todo o mundo.

Na Índia, o número de casos aumentou em cerca de 100 mil em uma semana, coincidindo com a reabertura de shopping centers, casas de culto e restaurantes. O governo impôs um bloqueio nacional no fim de março. Na capital, Nova Délhi, a maioria dos hospitais públicos está cheia. A administração da cidade projetou que os casos poderiam aumentar para mais de meio milhão até o fim de julho e avalia adquirir hotéis e estádios de luxo para converter em hospitais de campanha.

A Coreia do Sul registrou 46 novos casos de coronavírus na terça, a maioria na área metropolitana de Seul, densamente povoada, onde as autoridades de saúde têm lutado para diminuir as transmissões relacionadas a atividades de entretenimento e lazer, reuniões de igreja e trabalhadores de baixa renda que não podem ficar em casa.

O país confirmou um total de 12.198 casos e 279 mortes.

O chefe dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças da Coreia do Sul pediu aos moradores que fiquem em casa no fim de semana, dizendo que há "grande preocupação" de que o aumento da atividade pública levaria a uma circulação maciça do vírus. 

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