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Ramagem e Bolsonaro
Segundo Valdemar Costa Neto, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) decidiu o nome de Alexandre Ramagem (PL) na semana passada| Foto: Carolina Antunes/Presidência da República/Arquivo

Com a inelegibilidade do general Braga Netto, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) escolheu o deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ) para encabeçar a disputa pela prefeitura do Rio de Janeiro em 2024. A informação foi confirmada pelo presidente do partido, Valdemar Costa Neto. No entanto, integrantes do PL afirmam que a indicação não é "martelo batido".

A escolha ocorre em meio à condenação de Braga Netto e Bolsonaro no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ocorrida nesta terça-feira (31). Por 5 votos a 2, a chapa presidencial foi condenada pelo “uso eleitoral” das comemorações do 7 de setembro de 2022.

Com a iminência da condenação, de acordo com Costa Neto, Bolsonaro teria escolhido Ramagem já na semana passada. Ou seja, antes do julgamento. A decisão foi acordada com o governador do Rio, Cláudio Castro e, de acordo com fontes do PL, o desempenho positivo do deputado em pesquisas internas do partido teria motivado a escolha.

Nos bastidores, a leitura é a de que Costa Neto teria se adiantado em anunciar Ramagem como o escolhido para a disputa. Questionado sobre a declaração do presidente da sigla, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) afirmou que o “martelo ainda não está batido” sobre o assunto e salientou que a disputa pela pré-candidatura está na fase de “primária”.

“O PL tem bons quadros para disputar as eleições municipais do Rio em 2024 e o martelo não está batido ainda. Delegado Ramagem, Portinho e Luiz Lima já colocaram seus nomes à disposição. Como são perfis diferentes de pré-candidatos, a forma como será tomada a decisão, tudo bem conversado e alinhado, é tão importante quanto o nome em si. Se sairmos dessa espécie de primárias com unidade e sem vaidades, teremos um conjunto de lideranças em prol de uma candidatura que tem tudo para ser vitoriosa. Vamos apresentar aos cariocas um programa de gestão inovador, em especial nas áreas de segurança, mobilidade e turismo”, disse o senador.

Ele acrescentou que o foco do partido será eleger vereadores com fidelidade ideológica ao PL.

“O segundo passo: as alianças partidárias, tanto para indicação de vice do PL como de candidaturas próprias de outros partidos, inclusive com nomes também à direita e conservadores. Defendo que elas aconteçam não só para um debate saudável e crítico da atual gestão municipal, mas também para aumentar o número de vereadores eleitos da mesma ala ideológica, já que candidaturas a prefeito tendem a fazer o eleitor prestar mais atenção nos candidatos de seus respectivos partidos. É muito importante ter uma bancada grande e forte na Câmara de Vereadores do Rio”, disse.

No entanto, a preferência de Bolsonaro parece tender para Ramagem. Em publicação no “X” (antigo Twitter), o ex-ministro Fabio Wajngarten afirmou que fará campanha para a candidatura de Ramagem. “A partir de hoje estou em campanha pelo meu amigão Dr Ramagem @delegadoramagems. Vamos elegê-lo”, afirmou.

Indefinição de candidatura no Rio preocupa aliados

A leitura feita nos bastidores sobre a declaração de Costa Neto é a de que o presidente do PL teria se adiantado para responder a uma demanda interna do diretório do Rio de Janeiro. Faltando menos de um ano para pleito municipal, aliados começaram a cobrar o partido por uma definição do Diretório Nacional.

Ao procurar saber sobre a posição de Brasília, um parlamentar disse que foi informado que a decisão sobre a candidatura seria decisão exclusiva de Bolsonaro. De início, havia uma espera em relação à inelegibilidade de Braga Netto. Mas, com o fim do ano se aproximando, a insatisfação pela indefinição cresceu entre integrantes da legenda no Rio.

Escolha de Ramagem tem a Segurança Pública como pano de fundo

Ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência na gestão Bolsonaro, Ramagem é visto pelo como um candidato a para se contrapor ao atual prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PSD), no setor de Segurança Pública. Com a onda de violência que atingiu o estado, incluindo a capital, a candidatura de um policial federal poderia atingir o prefeito carioca em um ponto frágil, apesar de a área não ser uma responsabilidade constitucional do município.

No mês passado, a Zona Oeste da cidade foi acometida por momentos de terror após ter 35 ônibus incendiados em um dia. Os atos de vandalismo foram represália à morte do sobrinho do chefe de um grupo criminoso.

Ramagem tem evitado se colocar como candidato. "Se for eu [o candidato a prefeito no Rio pelo PL], vou para o projeto. Se for outra pessoa, eu vou apoiar. Inclusive, quando os outros nomes já estavam sendo cogitados, como Braga Netto, entre outros, já havia um acordo para que eu fosse o responsável de desenhar o projeto de segurança pública. É uma honra ter essa confiança, mas ainda não está batido o martelo e vou esperar decisão do partido. A declaração do presidente Valdemar [Costa Neto] é um grande sinal, mas meu nome ainda precisa ser oficializado", afirmou o deputado à Gazeta do Povo.

Além disso, ele disse estar "a serviço de Bolsonaro". “Estou a serviço do Bolsonaro para qualquer desafio. O escolhido por ele para a prefeitura do Rio será apoiado por todo o partido e precisa estar à altura do cargo, tem que se preparar. Estarei nessa empreitada em qualquer papel, sempre ao lado dele e do Valdemar. É claro que seria uma honra ser escolhido pelo Bolsonaro “, disse o parlamentar ao jornal O Globo.

O bom relacionamento entre o delegado e o ex-presidente data de 2020, quando Bolsonaro tentou indicar Ramagem para o comando da Polícia Federal. A nomeação, no entanto, foi barrada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), após o PDT impetrar uma liminar pedido a suspensão.

Na ação, o PDT alegou desvio de finalidade na nomeação, alegando que a intenção de Bolsonaro ao designar o novo chefe da PF era interferir na corporação para proteger a ele mesmo e a familiares que estariam no alvo de investigações em andamento.

Em 2022, Ramagem disputou o cargo de deputado federal pelo Rio de Janeiro com 59.170 votos.

PL quer eleger mil prefeitos em 2024

Atualmente, o Partido Liberal conta com 343 prefeitos e, segundo Costa Neto, o objetivo é eleger aproximadamente 1000 gestores municipais em 2024. Bolsonaro tem reforçado agendas nos estados junto com a ex-primeira dama Michelle Bolsonaro.

Além disso, o ex-mandatário reforçou o trabalho partidário ao anunciar pré-candidaturas de aliados, como o ex-ministro da Saúde Eduardo Queiroga, que será o candidato do partido pela prefeitura de João Pessoa (PB).

O ex-ministro da Cidadania João Roma e o ex-ministro do Turismo Gilson Machado também articulam para confirmar suas candidaturas em Salvador e no Recife, respectivamente.

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