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O presidente do PDT, Carlos Lupi, ao centro. À esquerda, o governador Renato Casagrande (PSB-ES) e o presidente do PSB, Carlos Siqueira
O presidente do PDT, Carlos Lupi, ao centro. À esquerda, o governador Renato Casagrande (PSB-ES) e o presidente do PSB, Carlos Siqueira.| Foto: Reprodução / Twitter

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse, em discurso em Salvador, no último dia 14, que o PT "não nasceu para ser coadjuvante". Ele também indicou que o partido deverá ter candidato próprio na eleição presidencial de 2022. Citou como possíveis representantes do partido na disputa o ex-ministro Fernando Haddad e o governador da Bahia, Rui Costa, mas o PT sonha mesmo é com uma candidatura do próprio Lula – algo que hoje é impossível, por causa da Lei da Ficha Limpa.

A fala de Lula praticamente fecha as portas para a possibilidade de o PT ceder a outro partido o protagonismo no campo da esquerda nacional. Isso, somado ao aumento do cenário de polarização entre Lula e o presidente Jair Bolsonaro após o petista deixar a cadeia, abre espaço para a retomada de um questionamento: há espaço para as forças de esquerda no Brasil que não sejam Lula e o PT?

O questionamento cai principalmente sobre PDT e PSB. Os dois partidos, embora estejam juntos do PT no Congresso na oposição ao governo Bolsonaro, têm indicado já há alguns anos que desejam trilhar seus próprios caminhos. Em 2018, o PDT teve Ciro Gomes como candidato a presidente, e deve repetir o projeto em 2022. Já o PSB tentou lançar o ex-ministro do Supremo Joaquim Barbosa no ano passado, mas a iniciativa não prosperou e o partido ficou sem integrar coligações, ao menos no primeiro turno.

PDT atira contra Lula e Bolsonaro

O presidente nacional do PDT, o ex-ministro Carlos Lupi, tem feito repetidamente pesadas críticas ao governo Bolsonaro. O principal foco dos seus ataques é a política econômica, conduzida pelo ministro Paulo Guedes. Lupi se refere à atuação de Guedes como "entreguista" e "favorável aos banqueiros". As privatizações também estão no alvo do chefe nacional do PDT.

Já Lula tornou-se um dos principais temas das críticas de Ciro Gomes. Em entrevista recente ao jornal El País, o eterno presidenciável chamou Lula de "encantador de serpentes" e "enganador profissional". Ciro disse ainda que não tem "mais nenhum apreço à figura política de Lula" e acrescentou que o ex-presidente está "cercado de bajuladores".

Ciro, que foi ministro de Lula durante o primeiro mandato do petista, também falou que hoje se vê mais próximo do presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia – o DEM de Maia costuma ser citado por petistas e pedetistas como um partido da "velha direita". Outra afirmação de Ciro na entrevista ao El País é a de que o PDT sinalizou um acordo de proximidade com PSB, Rede e PV, pelo qual os partidos apoiarão quem tiver nomes com mais chances de vitória na eleição presidencial do ano que vem.

Para o deputado federal Túlio Gadelha (PDT-PE), a chave para a atuação do PDT é o desenvolvimento de uma esquerda "mais propositiva e menos personalista". "Há muitas décadas, a política brasileira se baseia muito em pessoas. E pessoas cometem erros. Por isso precisamos é lutar por causas, como o PDT tem realizado", afirmou.

Apesar de seu partido ter em Ciro Gomes a figura de principal destaque nacional e também um pré-candidato para 2022, Gadelha acredita que o PDT não atua com foco no personalismo. "O Ciro não é o único protagonista do projeto que ele apresenta. É um projeto de desenvolvimento nacional, pensado pelo partido", destacou.

No PSB, o discurso é de "refundação" e "união das forças democráticas"

Já no PSB, uma pauta em alta é a de tratar as próximas eleições nacionais como um assunto "do futuro". O partido tem enfatizado a discussão de programas de governo e também um projeto de reestruturação interna, chamado de "autorreforma".

"A crise política é a causa de todas as outras crises. Por isso nós queremos melhorar nosso partido e buscar a melhora do sistema político como um todo", afirmou o presidente nacional da legenda, Carlos Siqueira.

Ele é da opinião de que "ninguém tem bola de cristal" e que, por isso, os partidos não devem colocar a próxima disputa presidencial no radar. "Nós não saberemos o que será 2022. O que move a política são a necessidade e a conjuntura, e não há como termos um indicativo de como isso estará até lá. O fato é que não existe, por parte do PSB, um adesismo a quem quer que seja", ressaltou.

Siqueira ressaltou que acredita que a distância das eleições pode levar a uma "aproximação pontual das forças democráticas" no Brasil. "Não só a esquerda, mas todas as forças democráticas do país devem estar em torno de uma luta comum. Que é a luta pela preservação da democracia, dos direitos sociais, e contra os retrocessos. Nisso, todos podem estar juntos. E quanto ao apoio nas eleições, isso já é outra história", acrescentou.

Reforma, a pedra no sapato da esquerda

PDT e PSB tiveram em comum também o fato de terem tido parlamentares "dissidentes" na votação do principal projeto econômico do ano, a reforma da Previdência. Nos dois partidos, parlamentares contrariam a orientação de suas direções nacionais e votaram a favor da reforma. Tanto PDT quanto PSB suspenderam os que foram na mão oposta à do partido. As punições atingiram, entre outros, deputados de primeiro mandato que iniciaram o ano como destaque da nova legislatura: no PSB, Felipe Rigoni (ES); e no PDT, Tabata Amaral (SP).

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