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Família Bolsonaro é maior culpada por tarifaço de Trump, diz Eduardo Leite

Família Bolsonaro é maior culpada por tarifaço de Trump, diz Eduardo Leite
Governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite culpa família Bolsonaro por tarifaço e cobra que Lula ligue "imediatamente" para Trump. (Foto: Valter Campanato/Agência Brasil)

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O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSD), afirmou nesta quarta-feira (6) que a “responsabilidade maior” pelo tarifaço imposto pelos Estados Unidos ao Brasil é da família Bolsonaro. Ele apontou que o próprio deputado licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) admite ter articulado as sanções contra o país com autoridades americanas.

O governador, que é um dos possíveis presidenciáveis da direita para as eleições de 2026, também culpou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pela animosidade com o governo de Donald Trump e afirmou que o petista deve ligar "imediatamente" ao mandatário americano. As tarifas de 50% sobre produtos brasileiros entraram em vigor nesta quarta-feira (6).

“É claro que se envolve um componente da atuação do próprio presidente da República. Mas está muito claro que a responsabilidade maior da imposição desse sacrifício ao Brasil e aos brasileiros está na família Bolsonaro. Eles próprios avocam essa responsabilidade. O deputado Eduardo Bolsonaro admite isso”, disse Leite após se reunir com o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB).

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“De outro lado, não dá para negar que muitas manifestações feitas pelo presidente Lula, de alguma forma, colaboraram para criar um ambiente de animosidade. Seja em discursos antiamericanos, críticas ao dólar, entre outras manifestações”, acrescentou.

Ele evitou criticar Alckmin, responsável pela negociação do tarifaço junto a empresários, e disse ver “muito esforço” na atuação do vice-presidente. “[Alckmin] me assegurou que está sendo estruturado um pacote robusto. Elencou alguns itens, mas eu não tenho condições de falar sobre eles, o próprio governo federal quer falar sobre essas medidas”, afirmou.

Leite apresentou ao vice-presidente um relatório sobre o impacto do tarifaço no Rio Grande do Sul. Segundo o documento, o estado é o segundo mais afetado do país pela medida dos EUA. “As tarifas adicionais incidem sobre 85,7% das exportações gaúchas para os EUA, o que corresponde a cerca de US$ 1,6 bilhão em vendas anuais”, disse o governo, em nota.

“Os setores mais prejudicados incluem: produtos de metal (45,8% das exportações para os EUA); máquinas e materiais elétricos (42,5%); madeira (30,1%); couro e calçados (19,4%); e tabaco (8,9%)”, diz o comunicado divulgado após a reunião.

As tarifas de 50% sobre produtos brasileiros foram anunciadas por Trump em 9 de julho e oficializadas no último dia 30, com exceções para quase 700 itens. O governo americano também aplicou a Lei Magnitsky contra o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.

Nos dois anúncios, os EUA citaram a ação penal contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) por suposta tentativa de golpe de Estado em 2022, relatada por Moraes, e decisões do ministro contra plataformas digitais. O governo Lula e o STF viram as medidas como uma espécie de chantagem para encerrar o processo contra Bolsonaro.

Eduardo é investigado por articular as sanções e Bolsonaro foi incluído no inquérito após o ministro apontar que ele seria "diretamente beneficiado" pela conduta do filho. Eduardo, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) e parlamentares da oposição defendem que uma eventual resolução ao tarifaço só será possível com a aprovação da anistia aos envolvidos nos atos de 8 de janeiro de 2023 e do impeachment de Moraes.

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Leite diz ser contra anistia e que prisão domiciliar de Bolsonaro foi equivocada

Com a escalada da crise, Moraes decretou a prisão domiciliar do ex-presidente, alegando que ele teria violado medidas cautelares. Em entrevista ao Estadão, Leite disse que a medida foi “equivocada”.

“Não interessa se o presidente ‘cavou’ ou não ‘cavou’ [a prisão domiciliar]. A questão é que a decisão não corresponde ao que eu acredito ser o melhor para o ambiente democrático para o país”, disse o governador. Questionado sobre a anistia aos envolvidos no 8 de janeiro, Leite disse ser contra a proposta, mas reconheceu que as penas podem ser discutidas.

Ele destacou que o ministro “foi fundamental na condução do processo eleitoral e na transmissão de cargo, agindo de forma incisiva para garantir estabilidade”, mas ressaltou que “não podemos criar precedentes perigosos, como limitar manifestações”.

“Não sou a favor [da anistia]. Quem cometeu atos de vandalismo no contexto de uma tentativa de golpe estava defendendo uma ruptura institucional. Claro, é legítimo discutir a gradação de penas e a dosimetria, mas anistiar completamente vai contra o que a própria direita costuma defender: que quem faz coisa errada deve ser punido”, afirmou ao Estadão.

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