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A Polícia Civil do município de Coelho Neto, no interior do Maranhão, abriu uma investigação para apurar a presença de menores de idade em uma “gincana” promovida pela prefeitura local que contou com a performance de gogo boys.
O evento aconteceu no fim de março e foi organizado pela Secretaria Municipal da Mulher em celebração ao "Mês da Mulher". O objetivo da gincana, segundo a organização, era “promover o empoderamento feminino”.
Após as cenas com as performances dos gogo boys viralizarem nas redes sociais, uma denúncia formal foi protocolada no Ministério Público do Maranhão (MPMA) e a Polícia Civil foi acionada.
Em nota à imprensa, o delegado Diego Rocha repudiou a exposição de crianças e adolescentes às cenas eróticas e classificou o ato como “descaso”.
“Vejo isso como total descaso com as crianças e as famílias. Não se pode considerar a performance como arte, mas sim como uma erotização na presença de um público com crianças e adolescentes, induzindo-os a cometer atos inadequados, que podem comprometer o psicológico e o futuro da criança", disse o delegado na nota.
De acordo com Rocha, se comprovada a presença de crianças e adolescentes no local, os organizadores poderão responder por crime previsto no Estatuto da Criança e do Adolescente e por infração administrativa.
As cenas que viralizaram nas redes sociais mostram homens realizando performances eróticas, com simulação de ato sexual, com a participação do público.
O que diz a prefeitura
A Gazeta do Povo entrou em contato com a Prefeitura Municipal de Coelho Neto na terça-feira (1º), mas não obteve resposta até o fechamento desta matéria. O jornal permanece aberto para quaisquer manifestações da prefeitura sobre o caso.
Ao participar de um podcast local, a secretária da Mulher do município, Flaynie Rego, reconheceu que houve “excesso” nas apresentações, mas culpou o descontrole do público.
“Teve excessos? Teve. Não vou negar porque teve excesso por parte do público, que não é controle nosso. Pessoas que correram, que pulou [no gogo boy], que foi pra cima. Isso não foi combinado, não foi dito, não foi pedido", afirmou.
Ainda, de acordo com a secretária, a gincana não se resumiu ao show dos gogo boys no “Clube das Mulheres”.
"No regulamento, eu disse como deveria ser a prova, a parte do regulamento, como se fosse o 'Clube das Mulheres', para passar aquela coisa da sensualidade, do fetiche, porque a gente não fala só do empoderamento da mulher vítima de violência, a gente fala da mulher de modo geral. Sexualidade… A gente fala de tudo isso de maneira aberta para poder desmistificar esses tabus que acontecem relacionados à mulher porque a gente está conquistando nossos espaços todos os dias", contou Flaynie.
"A prova exigia os critérios e foi enfatizada a questão de ter cuidado com as crianças. Na hora dos shows, a gente falava que era impróprio para crianças. As crianças estavam com os pais, a todo momento [...] Pegaram uma coisa pontual para denegrir a imagem da gincana, que tem uma mensagem linda. Deixaram de falar da marcha, que falou do feminicídio e pedimos justiça ... homenagem a mulheres humildes. Mas, a ânsia de falar mal é tão grande, que coisas importantes ficam para trás. Ali tudo era uma brincadeira e de repente se transformou em um pesadelo", declarou a secretária.
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