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O ministro da Defesa, José Múcio, citou nesta segunda-feira (5) o “constrangimento” e a “indignação” das Forças Armadas diante dos militares acusados por suposta tentativa de golpe de Estado. Ele disse que as Forças respeitarão a decisão do Legislativo sobre o projeto de anistia aos envolvidos nos atos de 8 de janeiro de 2023, bem como a determinação do Judiciário sobre os militares acusados pela trama golpista.
“O que a Justiça decidir, o que o Legislativo decidir, nós respeitamos. Evidentemente que o militar lamenta muito quando vê um colega indiciado. O primeiro sentimento é de constrangimento, e o segundo, de indignação, porque eles comprometeram a imagem de uma instituição que eles sabem que tem que ser preservada”, afirmou o ministro a jornalistas após um almoço com empresários promovido pelo grupo Lide.
Durante o evento, ele relatou ter riscado do calendário o dia 8 de janeiro. “Eu vim aqui logo depois de 8 de janeiro, uma data que eu já risquei de todos os meus calendários, não tem mais dia 8. Eu vim aqui convidado pelo João [Dória] com o ministro Flávio Dino, nem ele conseguiu falar da justiça, que ele tinha um posicionamento mais duro talvez que o meu, nem eu consegui falar de defesa”, lembrou.
Múcio reforçou que os membros Forças Armadas “não trabalham por um mandato, trabalham para gerações e não para eleições”, enquanto alguns detentores de mandatos “se arvoram como o responsável por um novo tempo” a cada período eleitoral.
"Em um período de muita polarização, de muita ideologização, bandas, lados, cada um querendo ter razão e ninguém procurando a verdade, devemos a esses homens. Hoje nós precisamos creditar a eles, às três Forças, o que nós somos. A preocupação é absoluta com o país”, disse.
Ele destacou que foi ao evento acompanhado pelos comandantes da Aeronáutica, brigadeiro Marcelo Damasceno; da Marinha, almirante Marcos Olsen; e pelo general Richard Nunes, que representou o comandante do Exército, Tomás Paiva. Para Múcio, é preciso “separar o joio do trigo para responsabilizar os militares para saber quem comprometeu o nome das instituições”.
“Às Forças, interessava que absolutamente tudo aquilo fosse elucidado. Havia o constrangimento de ver amigos de décadas nas raias da suspeição, havia indignação quando as coisas eram verdadeiramente detectadas, mas o pior sentimento é ver que a nuvem de suspeição pairava sobre todos eles”, enfatizou.
A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) julga nesta terça-feira (6) os sete denunciados do chamado “núcleo 4” da suposta trama golpista, cinco deles são militares. Múcio foi citado pelo ex-ministro da Defesa de Bolsonaro, Paulo Sérgio Nogueira, em sua defesa prévia como possível testemunha durante o julgamento do golpe.
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), Nogueira e outros seis acusados do "núcleo 1" são réus pelo suposto plano de golpe. Durante o evento do Lide, o ministro disse que se for intimado, irá depor ao STF. “Tudo oficial, à luz do dia. Ninguém pode me chamar para segredo nenhum porque eu conto. Então sou salvo por isso”, afirmou.
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