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A declaração do ex-presidente do PT José Genoino, neste final de semana, sugerindo um boicote a empresas comandadas por judeus ou vinculadas ao estado de Israel, não repercutiu bem na oposição e pode ter configurado um ato de discriminação contra o povo de origem judaica. A fala do petista ocorreu no sábado (20) durante uma live em um site na internet.
A reação foi imediata e levou o deputado estadual Guto Zacarias (União-SP), de São Paulo, a denunciar Genoíno à Procuradoria da República do estado. Segundo o parlamentar, o ex-presidente do PT cometeu o crime de “praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito de raça”, que afrontaria a Lei Antirracismo de 1989.
“Parece evidente que José Genoino, ao dizer que deve haver um boicote a ‘determinadas empresas de judeus’, cometeu tal crime. Afinal, ninguém duvidaria que há crime se alguém dissesse para boicotar ‘determinadas empresas de negros’ ou ‘determinadas empresas de nordestinos’”, disse.
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Zacarias, que integra o Movimento Brasil Livre (MBL), disse ainda na notícia-crime que o boicote defendido por Genoino fere a liberdade de crença prevista em convenção da Organização das Nações Unidas (ONU) contra toda forma de discriminação, além de privar alguém – como empresários judeus – de direitos por sua religião.
“Caso o MPF [Ministério Público Federal] entenda que não há elementos para iniciar a ação penal, que seja determinada abertura de inquérito policial”, completou o deputado paulista.
Além de Guto Zacarias, o presidente nacional do PP, senador Ciro Nogueira (PP-PI) disparou contra Genoino afirmando que o boicote a empresas de judeus levou a um episódio já conhecido da história mundial.
“Na invasão da Rússia, eles culparam a Ucrânia, o país invadido. Agora, defendem não fazer negócios com empresas de judeus. O boicote a empresas de judeus não é novo: o nazismo começou assim”, afirmou nas redes sociais.
A referência ao “eles culparam a Ucrânia” se deu por conta das declarações dúbias dadas pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em diversas ocasiões em 2023, em que chegou a equiparar a responsabilidade pela guerra no Leste Europeu à Rússia e a Ucrânia, colocando invasor e invadido em um mesmo patamar.
Na época, as sucessivas falas de Lula com este tom levaram a críticas duras da oposição e mesmo do próprio presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, que chegou a cobrar de Lula uma posição firme e direta para condenar a Rússia pela invasão – que ocorreu sem qualquer provocação dos ucranianos.







