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"Gilmarpalooza"

Gilmar Mendes defende endurecimento contra big techs por “civilidade” online

Gilmar Mendes
Ministro do STF elogiou aprovação da inconstitucionalidade do artigo 19 do Marco Civil da Internet na abertura do "Gilmarpalooza". (Foto: Nelson Jr./STF)

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O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), defendeu nesta quarta (2) o endurecimento da legislação brasileira contra as chamadas big techs e elogiou a recente decisão da Corte de declarar parcialmente inconstitucional o artigo 19 do Marco Civil da Internet.

A defesa ocorreu durante a abertura do 13º Fórum de Lisboa, o conhecido “Gilmarpalooza”, realizado até sexta (4) na capital portuguesa.

“Declarar parcialmente inconstitucional o artigo 19 do Marco Civil da Internet para estabelecer o dever de remoção e de responsabilização das big techs das postagens criminosas e ofensivas de seus usuários parece fundamental, não apenas para coibir a prática de crimes e preservar a honra das pessoas, mas para restabelecer a civilidade e a fecundidade da esfera pública digital”, disse no evento.

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A decisão do STF, tomada na semana passada, modifica o regime jurídico vigente desde 2014, segundo o qual as plataformas só poderiam ser punidas judicialmente por conteúdos de terceiros caso descumprissem uma ordem judicial prévia. A regra foi criada para impedir remoções preventivas e excessivas por parte das empresas, em um esforço de proteção à liberdade de expressão e contra a censura online.

Com a mudança, esse entendimento deixa de ser a norma geral, e as plataformas poderão ser responsabilizadas mesmo sem decisão judicial em casos específicos. Gilmar Mendes acompanhou a tese da inconstitucionalidade parcial e sustentou a necessidade de imposição de deveres proporcionais à gravidade dos conteúdos publicados.

Ele listou sete hipóteses em que a responsabilização direta se aplica, como casos de terrorismo, pornografia infantil e incitação ao suicídio — condutas objetivamente identificáveis —, mas também categorias consideradas mais subjetivas, como “discurso de ódio” e ataques ao Estado Democrático de Direito.

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A medida aprovada pelo STF reacendeu o debate sobre liberdade de expressão e o risco de ampliação da censura nas redes sociais. Críticos argumentam que a ausência de exigência de decisão judicial pode abrir caminho para abusos e remoções arbitrárias.

O Fórum de Lisboa, organizado por um instituto ligado ao próprio Gilmar Mendes, é realizado anualmente na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa e é conhecido por reunir autoridades jurídicas, políticas e empresariais. O evento é informalmente apelidado de “Gilmarpalooza” nos bastidores de Brasília e debate neste ano o tema “O mundo em transformação — Direito, Democracia e Sustentabilidade na Era Inteligente”.

Também participaram da abertura o primeiro vice-presidente do Senado, Eduardo Gomes (PL-TO), que substituiu Davi Alcolumbre (União-AP) na sessão, e o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB). Gomes destacou a importância do que não foi feito desde a aprovação do Marco da Inteligência Artificial, aprovado em dezembro.

Já Motta afirmou que o projeto segue em estágio avançado de análise na Câmara. “O texto busca garantir a inovação ao mesmo tempo em que salvaguarda direitos e mitiga riscos, seja na democracia, no trabalho, na proteção de dados e em outras esferas”, declarou Motta.

Ele ainda listou propostas em tramitação que tratam da proteção de crianças e adolescentes, prevenção de crimes com uso de inteligência artificial e regras sobre titularidade de criações feitas por IA.

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