A presidente nacional do PT, deputada federal Gleisi Hoffmann (PR), estaria enfrentando desgaste interno por adotar posições mais radicais, que contrariam as plataformas oficialmente defendidas pelo governo e pela corrente Construindo um Novo Brasil (CNB), à qual pertencem tanto Gleisi quanto o presidente Lula e que compõe a maioria da bancada petista no Congresso Nacional. Segundo reportagem do jornal O Globo, outras lideranças petistas questionam os embates entre Gleisi e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que até agora tem saído vencedor nas discussões. “Não podemos ser partido de oposição sendo governo”, afirmou ao jornal carioca o deputado Washington Quaquá (RJ), um dos vice-presidentes do PT e também membro da CNB.
Mais recentemente, Gleisi assumiu a frente nas críticas ao novo arcabouço fiscal proposto por Haddad e enviado pelo governo ao Congresso. A deputada afirma que as regras sugeridas são rígidas demais, isso apesar de o texto prever poucas punições, não responsabilizar o presidente da República em caso de descumprimento da meta fiscal e garantir aumento real na despesa pública independentemente do desempenho da economia. Anteriormente, Gleisi já havia se manifestado publicamente contra o retorno da cobrança de impostos federais sobre os combustíveis, que Haddad defendeu como parte de um pacote para reduzir o déficit público previsto para 2023. Quaquá e outros parlamentares petistas argumentam que as críticas de Gleisi correm o risco de serem vistas como posicionamento oficial do partido, atrapalhando a construção de apoios no Congresso.
Ouvida por O Globo, Gleisi afirmou que não tem planos de sair da CNB, que as divergências internas são comuns, mas não há “relação desgastada” e que “o PT está com muita coesão em torno do governo”. Deputados mais próximos a Gleisi ainda afirmam que ela está sendo vítima de “intrigas partidárias” e que amenizou bastante o tom sobre o arcabouço fiscal depois que a proposta foi endossada oficialmente por Lula. Além disso, dois meses atrás, outra reportagem de O Globo sugeria que os embates de Gleisi com as alas menos radicais do governo fariam parte de uma espécie de “dobradinha” com Lula, com quem ela tem muita proximidade. O presidente da República foi o fiador da ascensão e da permanência de Gleisi à frente do PT; embora ela não tenha recebido um ministério, ela participou da escolha do primeiro escalão, e Lula afirmou, em dezembro de 2022, que ela assumiria um papel “tão ou mais importante que ser ministro”. À época, lideranças do PT ouvidas pelo jornal disseram que os embates ajudariam Lula a consolidar um papel de mediador e, ao dar razão a Haddad, ainda passaria a imagem de que o governo não é do PT, mas da aliança ampla que elegeu o petista em outubro de 2022.
Ex-desembargador afirma que Brasil pode “se transformar num narcoestado”
Contra “sentença” de precariedade, estados do Sul buscam protagonismo em negociação sobre ferrovia
Câmara de São Paulo aprova privatização da Sabesp com apoio da base aliada de Nunes
Lula afaga o MST e agro reage no Congresso; ouça o podcast
Deixe sua opinião