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Senadora Eliziane Gama ministro Flávio Dino
Aliada do ministro Flávio Dino (PSB), a senadora Eliziane Gama (PSD) deve ser prejudicada com a provável saída de cena dele da arena política, rumo ao STF.| Foto: Marcos Oliveira

A iminente confirmação de Flávio Dino (PSB) como novo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) marca uma significativa reconfiguração política no Maranhão. Ao ocupar a vaga deixada pela ministra Rosa Weber, o atual ministro da Justiça não estaria apenas abdicando de sua cadeira no Senado, para a qual foi eleito em 2022, mas também se despedindo da arena política, pelo menos no âmbito reservado aos detentores de mandato popular. Esse movimento abre espaço para emergentes atores locais, enquanto Dino deverá abandonar seu papel de cabo eleitoral em 2024, deixando em busca de novos líderes candidatos a prefeito e os que tentarão a reeleição.

O primeiro desdobramento da volta de Dino ao Judiciário será a ascensão de Ana Lobato (PSB), 37 anos, à vaga de senadora. Ela poderá ser a senadora mais jovem do país ao assumir o cargo de forma definitiva, herdando os sete anos restantes de mandato. Enfermeira e empresária no ramo de aluguel de maquinário para construção, Ana é esposa do deputado estadual Othelino Neto (PCdoB), ex-presidente da Assembleia Legislativa e atual secretário de Representatividade Institucional do Maranhão.

Como vice-prefeita de Pinheiro (MA), a senadora chegou a assumir o Executivo municipal em janeiro de 2022, quando o prefeito Luciano Genésio (PP) foi afastado por decisão do Tribunal Regional Federal (TRF) da 1ª Região, sob suspeita de desvio de verbas públicas da saúde e da educação. Agora, com a saída de cena de Dino da política, tanto Ana Lobato quanto o seu esposo saem fortalecidos politicamente.

Eliziane Gama e Weverton Rocha perdem com a saída de cena de Dino

Com o mandato estendendo-se até janeiro de 2027, Eliziane Gama (PSD), também senadora pelo Maranhão e aliada próxima de Flávio Dino, pode ser uma das mais prejudicadas pela transferência do ministro para o STF. Nas redes sociais, Eliziane parabenizou o ministro pela indicação, referindo-se a ele como “meu amigo”. A sua postura como relatora da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de janeiro foi criticada pela oposição, que a acusou de parcialidade e empenho para proteger o ministro da Justiça de investigações sobre as omissões que ele teria cometido, postura que teria contribuído para o desfecho dos atos de vandalismo na Praça dos Três Poderes.

Embora a perspectiva natural seja a de buscar a reeleição nas eleições de 2026, nos últimos meses Eliziane tem trabalhado para consolidar a sua candidatura à Presidência do Senado. A ideia é emergir como uma opção a Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), apoiado pelo atual presidente Rodrigo Pacheco (PSD-MG), do mesmo partido da senadora. A disputa começou dentro do partido, com Ângelo Coronel (PSD-BA) também postulando ser candidato. O PSD tem a maior bancada do Senado, com 15 senadores. Na Câmara, o partido só conta com um representante maranhense, Josivaldo Melo, conhecido como Josivaldo JP.

Aliado de Dino, o senador maranhense Weverton Rocha (PDT) foi encarregado de relatar a indicação do ministro para o STF, a ser votada pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado e pelo plenário. Antes de assumir a relatoria, ele elogiou a nomeação de Dino, ressaltando “a honra de um conterrâneo ser indicado para a Corte Suprema”. O pedetista tem mandato até 2027 - anteriormente ele havia sido deputado federal por oito anos.

Filiado ao PDT desde 1995, o senador apoiou os dois governos de Dino, de 2015 a 2022. No início do ano passado, contudo, rompeu com o então governador devido à indicação do vice Carlos Brandão (PSB) para sucedê-lo, e lançou candidatura própria. Após Weverton Rocha perder a eleição para Brandão, ele e Dino reataram a relação política.

Governador herda controle do PSB no estado, de olho em 2024

Diante desse cenário, o atual governador do Maranhão, Carlos Brandão (PSB), já vinha se distanciando de Dino antes mesmo da posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Apesar de serem correligionários, Brandão afastou diversos aliados de seu antecessor que ainda ocupavam cargos na administração estadual. O término da carreira política de Dino transferiria formalmente o controle do PSB do Maranhão para Brandão ou para alguém indicado por ele. O governador busca fortalecer a parceria com o MDB para ampliar a sua influência no pleito municipal de 2024, considerado uma prévia para as eleições gerais de 2026.

Chama atenção também a ausência de proximidade entre Dino e os seus colegas maranhenses na Esplanada dos Ministérios, como André Fufuca (PP), próximo ao presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e Juscelino Rezende Filho (União Brasil), das Comunicações, indicado pelo senador Davi Alcolumbre (União Brasil-AP). Ambos lideram grupos diferentes, que também investem o prestígio dos cargos e as verbas públicas da União para ampliar a influência em seus redutos eleitorais.

Nos próximos dias, ao menos cinco deputados federais vão se licenciar da Câmara para dedicar-se às eleições municipais de 2024. Eles vão se empenhar na construção de um novo grupo dominante na política local, após o longo período liderado pela família Sarney, que foi seguido pela "era Flávio Dino".

O deputado Aluísio Mendes (Republicanos), um dos mais persistentes críticos de Dino no Congresso, se afastará do cargo por quatro meses, até março de 2024, com o propósito de percorrer o estado, organizando o partido para o próximo pleito. A sua ausência visa dar visibilidade à suplente, Mariana Carvalho (Republicanos), pré-candidata a prefeita de Imperatriz (MA). A mesma estratégia se repetirá com outros quatro deputados do estado filiados ao PL, PDT e Podemos.

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