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Marina Silva durante coletiva sobre desmatamento nesta quinta (9) ao lado da ministra Sonia Guajajara (Povos Indígenas) e da secretária-executiva da Casa Civil, Miriam Belchior.
Marina Silva durante coletiva sobre desmatamento nesta quinta (9) ao lado da ministra Sonia Guajajara (Povos Indígenas) e da secretária-executiva da Casa Civil, Miriam Belchior.| Foto: Valter Campanato/Agência Brasil.

O Ministério do Meio Ambiente afirmou nesta quinta-feira (9) que o desmatamento na Amazônia caiu 22,3% em um ano. O levantamento abrange o período entre agosto de 2022 e julho de 2023. Segundo dados do Projeto de Monitoramento do Desmatamento na Amazônia Legal por Satélite (Prodes), do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), foram desmatados no bioma 9.001 km². Desde 2019, é a primeira vez que a taxa de desmate fica abaixo de 10 mil km².

Durante o evento para a apresentação dos dados, a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, afirmou que o governo Lula pegou “um passivo de 6 mil quilômetros [quadrados de área desmatada] do governo Bolsonaro que estará sendo computado para o desmatamento de 2023”. Mesmo assim, segundo ela, o governo conseguiu “uma redução de 42% [neste ano] graças às ações emergenciais dentro do Plano de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia”.

No entanto, as queimadas seguem em alta, principalmente na região do Amazonas. O Inpe informou nesta quarta (8) que o estado do Amazonas registrou 3.858 focos de queimadas em outubro, o pior resultado para o período desde o início da série histórica, em 1998. Os dados apontam que o número é maior do que o recorde anterior, de 2.409 registrado em 2009, e do que o registrado no mesmo mês em 2022, quando o estado teve 1.503 focos.

A ministra afirmou que nove ministérios trabalham em um “plano estruturante de enfrentamento dos efeitos dos eventos extremos em função da mudança do clima”, como queimadas e fortes chuvas. O plano conta com eixos estruturantes voltados à prevenção, e emergencial, para conter os estragos causados por esses eventos. Além disso, a ministra apontou que as queimadas também são resultado dos impactos do El Niño.

“A melhor forma de enfrentar estruturalmente [eventos extremos] é continuar reduzindo a emissão de CO², não só no Brasil, mas no mundo… No Brasil, a melhor forma é combatendo o desmatamento”, afirmou. Na apresentação, o Inpe estimou que há alta probabilidade de um “super El Niño com seca severa em 2024”, em conjunto com os “efeitos acumulados da alta de degradação em 2022/2023 fragilizam a estrutura florestal” com “maior vulnerabilidade a incêndios de grandes proporções, mesmo em áreas de floresta preservada”.

Apesar dos planos do governo, o presidente do Ibama, Rodrigo Agostinho, admitiu no último dia 8 que o governo precisa aprimorar as estratégias de combate a incêndios. “O Ibama deve submeter no fim do ano um projeto robusto para o Fundo Amazônia. Está em fase final de concretização”, disse Agostinho em entrevista ao Estadão sem citar quanto a medida vai custar aos cofres públicos.

“Nesse ano, nós tivemos um fenômeno identificado pelo Inpe, cerca de 37% dos focos de queimada se deram em florestas primárias, ou seja, nós já estamos passando por estresse hídrico da própria floresta, com baixa umidade, em que não necessariamente o incêndio está ocorrendo em área desmatada, mas na própria floresta primária. Isso é uma demonstração do efeito da mudança do clima incidindo sobre a floresta”, argumentou a ministra durante a coletiva desta quinta.

No último final de semana, Manaus enfrentou mais uma das consequências das queimadas. Após uma semana tomada pela fumaça, a cidade enfrentou uma tempestade de areia. De acordo com dados do Sistema Eletrônico de Vigilância Ambiental (Selva), a qualidade do ar em todos os setores da capital amazonense foi considerada “péssima”. Além disso, no mês passado, Manaus já havia registrado uma das três piores qualidades de ar do mundo de acordo com o índice medido em tempo real pelo site World Air Quality Index (WAQI).

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