O governo brasileiro votou favoravelmente a um pedido de empréstimo da Argentina no valor de quase 1 bilhão de dólares (R$ 4,75 bilhões) à Corporação Andina de Fomento (CAF), o banco de desenvolvimento da América Latina e do Caribe. O empréstimo será usado pelo governo do libertário Javier Milei para saldar parte da dívida do país com o Fundo Monetário Internacional (FMI). Um valor de R$ 4,5 bilhões deve ser pago pela Argentina à entidade até a próxima quinta-feira (21).
O empréstimo estava sendo costurado com o apoio do governo brasileiro enquanto o ex-presidente argentino, Alberto Fernandéz, aliado de Lula, estava na presidência do país. Havia a expectativa de que o Brasil, sob a condução de Lula, voltasse atrás após a eleição de Milei. No entanto, uma eventual negativa do governo brasileiro ao pedido poderia ser bastante danosa às relações entre os dois países, já que todas as demais nações que integram o CAF votaram favoravelmente ao empréstimo.
A dívida do país argentino com o FMI já ultrapassa os US$ 44 bilhões. A Argentina vive um período bastante dramático de sua história econômica, com mais de 40% de sua população vivendo na pobreza. O país lida com ampla desvalorização do peso, moeda local, e inflação descontrolada – segundo números divulgados pelo Instituto de Estatísticas argentino em novembro, o aumento de preços nos últimos 12 meses foi de 142,7%.
O caos econômico é resultado de décadas de gestões populistas do peronismo que aumentaram os gastos públicos de forma insustentável. Durante sua campanha, Milei prometeu implantar um forte controle das contas públicas e apostar na dolarização da economia argentina e no fim do Banco Central.
Neste sábado (16), o ministro Fernando Haddad comentou o voto favorável do Brasil ao empréstimo e recordou as intrigas do presidente petista e do novo presidente da Argentina, que durante o período eleitoral trocaram ofensas. “O Brasil votou a favor da Argentina para conseguir um empréstimo para superar a sua crise e todo mundo sabe que o atual presidente da Argentina ofendeu o presidente Lula durante a campanha, mas nem por isso o Brasil deixou de apoiar o povo argentino”, disse.
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