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Maduro e Lula - brasil - venezuela
Humans Right Watch critica política de “dois pesos, duas medidas” adotada por Lula| Foto: Ricardo Stuckert/Presidência da República

A Human Rights Watch, uma das principais organizações que trabalha em defesa dos direitos humanos e que frequentemente é usada pela esquerda para atacar seus opositores, fez uma série de críticas ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pela política de "dois pesos, duas medidas" que o petista tem adotado. De acordo com a instituição, Lula não deveria ignorar os crimes contra os direitos humanos cometidos pelos governos da Venezuela, Cuba, Nicarágua, China e outros países que o brasileiro tem se aproximado.

As afirmações da ONG foram divulgadas em uma nota contra a candidatura do Brasil para liderar o Conselho de Direitos Humanos da ONU, que terá eleições em outubro. A declaração da Human Rights Watch é mais um indício de que, ao se aliar informalmente à Rússia e à China, Lula vem sofrendo um processo de "cancelamento" pelas democracias liberais do Ocidente.

Ele já havia perdido o protagonismo na área ambiental e agora deve ser descartado na área de defesa dos direitos humanos. A Rússia, a quem Lula vem apoiando, invadiu a Ucrânia e cometeu milhares de crimes de guerra, como fuzilamento de civis e rapto de crianças para adoção por famílias russas. Ele também tem sido uma voz solitária na defesa do ditador Nicolás Maduro, responsável por assassinatos políticos e pela fome em segmentos da população venezuelana.

"Esperávamos que V. Exa. [Lula] tivesse aproveitado as recentes interações com autoridades chinesas e a renovada relação diplomática com a Venezuela para condenar os graves abusos de direitos humanos que ocorrem sob esses governos e também promover sua não repetição", diz o documento publicado pela instituição.

No caminho aposto a condenações, o mandatário brasileiro fez diversas afirmações contraditórias sobre regimes ditatoriais nos últimos meses. Em uma delas, Lula disse que a situação na Venezuela “não passa de uma narrativa”, além de ter relativizado o significado de democracia ao comentar o autoritarismo de Daniel Ortega na Nicaragua.

Lula disse que uma das prioridades do seu terceiro mandato como presidente do Brasil seria defesa dos direitos humanos, mas suas atitudes mostram que o critério do petista é seletivo. Candidato a assumir o Conselho de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas pelos próximos dois anos, Lula demonstra fazer distinções ao condenar regimes autocratas.

Em um desses movimentos, o governo anunciou recentemente que o Lula é um dos confirmados na Cúpula do G77, que acontece em Cuba. O ditador cubano, Miguel Díaz-Canel, na presidência rotativa do grupo, foi quem convidou o mandatário brasileiro. O grupo reúne alguns dos países que despontam como os menos democráticos do mundo, de acordo com ranking feito pelo jornal inglês The Economist.

"Gostaríamos de encorajar seu governo a garantir que o Brasil desempenhe protagonismo na promoção dos direitos humanos em todo o mundo, conforme estabelece sua própria Constituição, abordando os abusos de direitos humanos de forma principiológica e consistente, independentemente da ideologia de qualquer governo específico, não movida por interesses geopolíticos, e baseada nos princípios de universalidade e imparcialidade, os quais o Brasil destaca em seus compromissos voluntários", diz a carta endereçada a Lula.

Brics e o “grupo de ditaduras” 

O posicionamento da HRW vem logo após a 15ª Cúpula dos Brics, que aconteceu na última semana. Na ocasião, os cinco países-membros [Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul] anunciaram a inclusão de seis novos países ao grupo: Argentina, Arábia Saudita, Egito, Emirados Árabes, Etiópia e Irã. Países que, em sua maioria, considerados não democráticos.

"Entendemos que, se eleito [para o Conselho de Direitos Humanos], o Brasil estará em posição privilegiada para usar o seu assento no Conselho, para influenciar outros países – particularmente seus vizinhos latino-americanos e os países membros ou que buscam aderir ao BRICS – a assumirem compromissos concretos de direitos humanos", ainda sugere a HRW.

O documento também critica a "vista grossa" que o governo tem adotado ao regime autocrata comunista de Xi Jinping na China: "Poderia também comprometer-se a trabalhar com Estados de todos os grupos regionais para dar seguimento ao contundente relatório da ONU sobre Xinjiang (China), o qual concluiu que o governo chinês tem cometido violações de direitos humanos que poderiam constituir crimes contra a humanidade".  Pequim tem abusado da minoria uigur por ser muçulmana com prisões e conversão religiosa forçada (que a China chama de reeducação).

A carta também criticou o posicionamento do brasileiro em relação à guerra da Ucrânia. "Considerando ainda que V. Exa. demonstrou reiterado interesse em liderar diálogos de paz para pôr fim ao conflito Rússia-Ucrânia, esperávamos que pudesse ter incluído no centro dos seus apelos a necessidade de responsabilização por crimes tão graves", diz.

[3:05 PM] Fernanda Leitoles
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