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Lula em encontro com o presidente da Argentina, Alberto Fernández, na Casa Rosada
Lula em encontro com o presidente da Argentina, Alberto Fernández, na Casa Rosada| Foto: Ricardo Stuckert/Palácio do Planalto

Em busca de ampliar a integração regional e trazer protagonismo internacional ao seu governo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) encerrou nesta terça-feira (24) sua primeira viagem à Argentina no novo mandato. Além da aproximação com os vizinhos da América do Sul, o petista tentou se contrapor ao seu antecessor, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), ao afirmar que o "Brasil está de volta" com a reinclusão do país ao bloco da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac).

"Ao longo dos sucessivos governos brasileiros desde a redemocratização, nos empenhamos com afinco e com sentido de missão em prol da integração regional e na consolidação de uma região pacífica, baseada em relações marcadas pelo diálogo e pela cooperação. A exceção lamentável foram os anos recentes, quando meu antecessor tomou a inexplicável decisão de retirar o Brasil da Celac. É com muita alegria e satisfação muito especiais que o Brasil está de volta", discursou o petista durante o encontro dos líderes Latino-Americanos e Caribenhos.

A Celac é um grupo composto por 33 países da região latino-americana e caribenha criado oficialmente em 2010. Além da coordenação política, econômica e social dos países, o bloco discute pautas como agricultura familiar, energia e meio ambiente.

Na avaliação de Lula, a integração dos países que integram a Celac é uma forma de fortalecer todo o bloco frente aos desafios socioeconômicos de cada região. Por outro lado, o presidente defendeu que a união entre os países não significa que devem se "fechar ao mundo", mas "unir forças".

"Temos de unir forças em prol de melhor infraestrutura física e digital, da criação de cadeias de valor entre nossas indústrias e de mais investimentos em pesquisa e inovação em nossa região", disse o presidente.

Lula usou viagem para fechar acordos de cooperação entre Brasil e Argentina 

Durante a passagem pela Argentina, Lula assinou acordos de cooperação nas áreas de economia, saúde, defesa e ciência. O petista foi a Buenos Aires acompanhado pelos ministros Mauro Vieira (Relações Exteriores), Nísia Trindade (Saúde), Luciana Santos (Ciência, Tecnologia e Inovação), Paulo Pimenta (Secretaria de Comunicação Social), Márcio Macêdo (Secretaria Geral da Presidência) e Fernando Haddad (Fazenda), que formalizaram a assinatura dos acordos.

“Nossas universidades precisam estar mais próximas, porque uma boa relação não é só comercial, é também a relação científico-tecnológica, a relação cultural, e sobretudo a relação política. Quero dizer que estou de volta para fazer bons acordos com a Argentina”, disse Lula depois do encontro com o presidente argentino, Alberto Fernández.

Um dos atos firmados foi a “Carta de Intenções para o Projeto de Integração da Produção de Defesa Brasil-Argentina”, pelos ministros Mauro Vieira e Jorge Taiana, da Defesa argentina. Já as ministras da Saúde, Nísia Trindade e Carla Vizziotti, assinaram termo de cooperação bilateral em temas como pesquisas e vacinas.

Na área da ciência, dois atos foram assinados: o Programa Binacional de Cooperação em Ciência, Tecnologia e Inovação 2023-2024 e o Memorando de Entendimento entre Ministérios de Ciência, Tecnologia e Inovação sobre Cooperação Científica em Ciência Oceânica. Os chanceleres Mauro Vieira e Santiago Cafiero assinaram o acordo Antártica, que “impulsiona o desenvolvimento conjunto de planos, programas e projetos tecnológicos e científicos” para a Antártida, continente onde os dois países possuem bases e estações de pesquisa.

Já os ministros Fernando Haddad e Sergio Massa (Fazenda) assinaram o Memorando de Entendimento sobre Integração Financeira, que prevê questões como a diminuição da burocracia para as trocas comerciais e estudos para a implantação de uma moeda comum para substituir o dólar nas transações entre países sul-americanos. “O que estamos tentando trabalhar agora é que nossos ministros da Fazenda, com suas equipes econômicas, possam fazer uma proposta de comércio exterior e de transações entre os dois países em uma moeda comum, a ser construída com muito debate e reuniões. Isso é o que vai acontecer”, argumentou Lula.

Lula prometeu ajuda aos países vizinhos e acenou para ditaduras de esquerda 

No país vizinho, o presidente brasileiro anunciou que o Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) vai voltar a financiar obras na América do Sul. Na avaliação do petista, os "países maiores têm que auxiliar os países que têm menos condições em determinados momentos históricos".

Entre os acordos, o banco brasileiro vai financiar o trecho do gasoduto para conectar a Patagônia argentina e o Brasil. “Vamos criar as condições para fazer o financiamento que a gente puder fazer para ajudar no gasoduto argentino”, disse Lula.

Além disso, a viagem de Lula à Argentina marcou uma guinada nas relações do Brasil com ditaduras como a da Venezuela e a de Cuba. A reaproximação com esses países ocorre depois de quatro anos desde o afastamento promovido pelo governo do ex-presidente Bolsonaro. O petista defendeu que haja um "carinho" com os regimes ditatoriais.

Na segunda-feira (23), o petista criticou a "ingerência" nas tratativas para a resolução dos problemas políticos da Venezuela e defendeu que o diálogo é a saída para que o país volte à normalidade democrática.

"Deveríamos ter duas coisas na cabeça. Primeiro, a gente permitir com muita tranquilidade que a autodeterminação dos povos fosse respeitada em qualquer país. Da mesma forma que eu sou contra a ocupação territorial que a Rússia fez na Ucrânia, eu sou contra muita ingerência no processo da Venezuela", afirmou.

Durante a gestão de Bolsonaro, a embaixada brasileira em Caracas, capital venezuelana, foi fechada pelo governo brasileiro. Lula, no entanto, pretende enviar uma missão ao país para retomar as relações com Maduro.

Sobre Cuba, Lula defendeu o fim do embargo econômico contra a ilha promovido pelos Estados Unidos há 60 anos. "Que se acabe o bloqueio a Cuba, que já dura mais de 60 anos sem nenhuma necessidade. Os cubanos não querem copiar o modelo brasileiro ou dos Estados Unidos, querem fazer o próprio modelo. E quem tem a ver com isso? Portanto, tem que tratar Venezuela e Cuba com muito carinho e, naquilo que pudermos ajudar a resolver seus problemas, nós ajudaremos", disse o petista.

Na próxima quarta-feira (25), Lula segue em viagem oficial para o Uruguai, onde se encontrará com o chefe do Executivo no país, Luis Alberto Lacalle Pou. O petista receberá um prêmio pela sua atuação em defesa do Meio Ambiente, entregue pela Intendência da cidade, e encontrará o ex-presidente do Uruguai, Pepe Mujica.

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