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Bradesco, fachada de agência. Foto: Ana Gabriella Amorim/Gazeta do Povo
Dois ex-gerentes do banco no Rio de Janeiro tiveram mandados de prisão expedidos pelo juiz Marcelo Bretas.| Foto: Ana Gabriella Amorim/Gazeta do Povo

Dois ex-gerentes do banco Bradesco são alvos de mandados de prisão nesta terça-feira (28) na Operação Bancarrota, em um desdobramento de investigações sobre a atuação dos maiores doleiros do país. A ordem foi expedida pelo juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal do Rio, que determinou ainda a realização de buscas em endereços ligados aos investigados.

Tânia Fonseca, presa pela manhã, e Robson Silva, ainda procurado, são ex-gerentes-gerais de agências do banco no Rio de Janeiro e suspeitos de auxiliar na abertura de contas para empresas fantasmas usadas pelos doleiros Vinicius Claret e Cláudio Barboza, delatores e ex-funcionários de Dario Messer, conhecido como o "doleiro dos doleiros".

Os dois auxiliavam Julio Cesar Pinto de Andrade, responsável pela criação das empresas de fachada para a dupla de doleiros. Ele também é alvo de mandado de prisão. Robson e Julio já são considerados foragidos pela Polícia Federal.

O Ministério Público Federal afirma ter ocorrido falha no sistema de compliance do Bradesco, por onde foi movimentado, entre créditos e débitos, R$ 989,6 milhões do esquema. A suspeita é de lavagem de dinheiro.

"Os elementos ora reunidos não deixam dúvidas de que as instituições financeiras onde as contas foram abertas, em especial o Banco Bradesco, descumpriram os deveres de compliance, possuindo como consequência direta, além do fomento à lavagem de dinheiro acima demonstrado, a violação à livre concorrência, pois as instituições que dispendem recursos no compliance acabam restringindo seus negócios, sem contar no custo que é dedicado aos setores de conformidade”, afirmaram os procuradores da Lava Jato do Rio.

Bancarrota é um desdobramento da Câmbio, Desligo, operação que mirou mais de 50 doleiros em atuação no país. A base da ação são as delações de Claret e Barboza, que operavam um complexo sistema de dólar-cabo que movimentou US$ 1,6 bilhões de 2011 a 2016.

Na fase desta terça-feira, o Ministério Público Federal apura o uso de empresas fantasmas para o pagamento de boletos bancários em nome de firmas varejistas.

A dupla de doleiros usava uma complexa manobra a fim de ficar com o dinheiro vivo de comerciantes a fim de vendê-lo a empresa que necessitavam pagar propina em espécie a agentes políticos.

"Em linhas gerais, os doleiros captavam cheques recebidos no varejo e os depositavam em contas bancárias das empresas fantasmas. Para abertura e movimentação das contas bancárias, a organização criminosa contava com a participação de gerentes de bancos que descumpriam regras de compliance a fim de permitir a criação das contas de giro", afirma a procuradoria.

Foram usada sete empresas de fachada para a abertura de contas no Bradesco e em outros três bancos. A quebra do sigilo bancários delas mostrou, segundo os procuradores, "que o banco Bradesco foi, de longe, o mais utilizado pelos doleiros para a prática de atos de lavagem de capitais".

Enquanto as contas dessas sete empresas no Bradesco movimentaram R$ 989,6 milhões, nas do Itaú foram R$ 94,5 milhões, no Santander, R$ 19,6 milhões, e na Caixa Econômica Federal, R$ 4,2 milhões.

O que o Bradesco diz

O Bradesco afirmou, em nota, que "tomou conhecimento pela imprensa nesta manhã da ação de autoridades policiais envolvendo dois funcionários".

"As informações, quando oficialmente disponíveis, serão apuradas internamente. Como sempre, o Bradesco se coloca à disposição das autoridades no sentido da plena colaboração e esclarecimento sobre as apurações que estão sendo realizadas. Por fim, o Bradesco reitera que cumpre rigorosamente com as normas de conduta ética e governança vigentes para a atividade”, diz a nota do banco.

O que o Itaú afirma

Em nota, o Itaú também se manifestou sobre o caso:

“O Itaú Unibanco afirma que está comprometido com as melhores práticas de prevenção à lavagem de dinheiro e adota com rigor todas as medidas necessárias buscando evitar transações ilícitas no sistema financeiro. No caso em questão, há mais de dois anos o Itaú encerrou o relacionamento com todas as empresas envolvidas e adotou as providências legais junto às autoridades de forma abrangente e tempestiva.”

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